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terça-feira, 26 de maio de 2009

O DESENHO INFANTIL



Mesmo com toda a tecnologia nada é tão prazeroso para uma criança do que lápis de cor e folha para poder admirar o movimento que deixa rastros. Um montão de rabiscos que são a extensão de seu braço, que podem se transformar no que a criança quiser, traços que simbolizam suas vivências e que mais tarde escreverão sua história. Esta é a evolução do desenho infantil, hoje com menos espaço para esta experiência vemos histórias de vida sem muitas palavras.


Os primeiros traços da criança com o lápis sobre uma folha são o produto de “golpes”, pois o controle motor da criança é muito limitado. Nesta fase a atividade gráfica é essencialmente orgânica – o traço é conseqüência de um gesto que descreve uma trajetória. Vivenciando o movimento, a criança entre 16 e 18 meses, descobre que existe uma relação entre seus movimentos e os traços obtidos, e o traço passa a ser a razão de seu gesto. Nesta fase a criança começa a diversificar seus movimentos: verticais, horizontais, circulares que lhe permitem controlar o lápis e refinar a atividade gráfica.


Estes rabiscos representam uma forma de jogo, e por volta dos dois anos, a criança começa a dar nome a seus rabiscos, mostrando um desejo de dar significação. As garatujas como são chamados os rabiscos, demonstram traços do temperamento e imaginação da criança, pois a criança rabisca não só pelo prazer do movimento, mas também para representar suas emoções, suas descobertas, sua maneira de ver os objetos e os outros.

Aos quatro anos as garatujas se organizam e tomam um significado compreensível, aparecem as primeiras figuras esquematizadas e algumas letras do alfabeto. Percebe-se nesta fase um maior controle dos impulsos e um comportamento socialmente aceito.

Por volta dos oito anos, com a consolidação do pensamento lógico, das regras sociais e familiares, o desenho é mais próximo da realidade concreta. O desenho cresce com a criança. Corresponde ao amadurecimento intelectual e afetivo, pois a criança não copia a realidade, ela a representa através da impressão mental, ela exprime o que é significativo e que suscita reações emocionais.

Por exemplo, uma criança poderá desenhar seu pai maior do que uma árvore, porque a noção de proporção tem um significado afetivo, neste caso, o pai é mais querido do que a árvore.


O desenho é uma forma de expressão, portanto equivale a um discurso. As crianças que desenham tornam-se observadoras, porque experimentam a necessidade de achar novos conteúdos para exprimir e se apropriar de novas idéias, é o ponto de referência para elaborações lógicas.

Sobre uma folha, através dos desenhos, as crianças são capazes de exprimir conflitos e angústias, desejos e fantasias.

Assim o desenho infantil é uma representação gráfica do pensamento e dos sentimentos, quanto mais a criança desenvolve a atividade, mais possibilidade ela terá de elaborar suas relações cognitivas e afetivas com o meio em que vive, e com as pessoas que a rodeiam.

Marina e suas Duas Realidades


Aos 4 anos e 6 meses, Marina havia se tornado uma criança “insuportável”. Ela tinha atitudes desafiadoras e parecia fazer travessuras de propósito. Aquela criança com carinha de anjinho só podia ser muito inteligente, tão inteligente a ponto de conhecer as fraquezas de seus pais. De uma forma bem velada, os pais gostavam de ver que ela não se submetia à autoridade e avaliavam Marina como tendo uma personalidade forte. Mas as coisas pareciam fugir ao controle destes pais e piorou muito quando Marina entrou na escola aos 4 anos, além de desafiar a professora ainda dava-lhe chutes na canela, e demonstrava inabilidade no convívio com as outras crianças, por vezes era agressiva ou bagunçava a brincadeira deliberadamente.


As queixas da escola se tornaram freqüentes, a intervenção dos pais usando estratégias punitivas não trouxe resultados, e as mães das outras crianças começaram a reclamar. Aos cinco anos Marina estava em pleno processo de pré-alfabetização, verbalmente demonstrava habilidades cognitivas, mas se negava a fazer as tarefas propostas em sala de aula e em casa. A situação ficou insustentável quando a criança começou a usar palavrões para intimidar os outros e demonstrar curiosidade sexual exacerbada.


Marina é uma criança com Transtorno Afetivo Bipolar diagnosticado pelo psiquiatra com auxílio de um psicodiagnóstico feito por psicóloga. Este transtorno é caracterizado por instabilidade de humor, ora deprimido, ora eufórico. Os sintomas mais frequentes na infância são irritabilidade, baixa tolerância à frustração, mal-humor, agressividade episódica, alegria e riso exagerados, agitação motora, alterações do sono e desmedido entusiasmo. Marina deixava seus pais muito confusos, às vezes pulava em cima deles, enlaçava-se no pescoço e dava tantos beijos que chegava a machucá-los. Eles se sentiam muito mal em ter certa resistência às manifestações de afeto da criança, se sentiam pouco amorosos ao afastar a criança dizendo que ela estava machucando. O sentimento de culpa lhes abatia ao ver Marina sentadinha numa poltrona, encolhida com o dedo na boca, ela parecia tão frágil que eles não entendiam como de um momento para o outro ela reagia de forma violenta a um episódio banal. A ajuda profissional foi fundamental para minimizar as consequências das inadequações comportamentais e a instabilidade de humor da criança, e o trabalho psicoeducativo junto a família possibilitou intervenções assertivas e suporte emocional.

Um pintor naif chamado João


João é um menino de 15 anos, seus quadros num estilo naif são apreciados por todos, e muitos decoram as paredes de sua casa. Apesar de apresentar habilidades artísticas, João nem sempre teve um bom desempenho escolar a ponto da diretora da escola em que estudava aos doze anos, orientar sua mãe a desistir de investir na sua educação, já que ele tinha significativas dificuldades para aprender a ler e a escrever. João também já tinha desistido de si mesmo, falava em se matar causando pânica na família. Não queria ir mais para a escola, não fazia as tarefas e não tinha amigos. Toda vez que sua mãe cobrava as atividades ele ameaçava fugir de casa.

João tinha muita dificuldade para ler e escrever, quando identificava uma sílaba da palavra, adivinhava o restante, e invariavelmente errava. Sua leitura era fragmentada, as palavras para ele não tinham relação entre si, de modo que não entendia o que estava escrito. Quando escrevia fazia confusão entre i e j, b e d, repetia sílabas nas palavras ou as omitia. As outras crianças tentavam ajudá-lo nas lições, mas na hora de escolher parceiro para as atividades lúdicas, João não era lembrado.
João faz parte dos 12,1% da população com dislexia, segundo estudos, e mais freqüente em meninos. Esta dificuldade pode definir o futuro de uma pessoa entre saúde e doença, entre sucesso e fracasso. O que muitas pessoas não sabem é que diagnosticado o problema existem intervenções pedagógicas, fonoaudiológicas, psicológicas com a criança, com a família, na escola, que possibilitam a aprendizagem e minimizam os efeitos emocionais e sociais de suas dificuldades.