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Aqui, neste espaço virtual você poderá encontrar informações que ajudem a modificar a sua relação e a sua intervenção no desenvolvimento de sua criança.


Conversando com a Luiza



Conversando sobre crianças amplia seu espaço e convida você a interagir com a psicóloga Maria Luiza Barbosa.

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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

AS POSTAGENS DESTE BLOG SERÃO INTERROMPIDAS ATÉ 14 DE JANEIRO DE 2010.
ENCERRO ESTE ANO DE 2009 COM UM CONTO DE NATAL.

PARA ENCERRAR O ANO DE 2009



A MENINA DOS FÓSFOROS é um dos mais belos contos de natal.
Hans Christian Andersen consegue mobilizar nas pessoas fortes emoções, bastante propícias para a época natalina.
Este conto fala da necessidade de tornar invisível a dor do outro, para que o nosso “mundinho” não seja abalado, mas aponta também a beleza de transcender à realidade e ser capaz de vislumbrar possibilidades e construir caminhos.
A todos que me visitam, o desejo de novos caminhos em 2010.


Era véspera de Natal. Fazia um frio intenso; já estava escurecendo e caía neve. Mas a despeito de todo o frio, e da neve, e da noite, que caía rapidamente, uma criança, uma menina descalça e de cabeça descoberta, vagava pelas ruas. Ela estava calçada quando saiu de casa, mas os chinelos eram muito grandes, pois eram os que a mãe usara, e escaparam-lhe dos pezinhos gelados quando atravessava correndo uma rua para fugir de dois carros que vinham em disparada.
Não pôde achar um dos chinelos e o outro apanhou-o um rapazinho, que saiu correndo, gritando que aquilo ia servir de berço aos seus filhos quando os tivesse. A menina continuou a andar, agora com os pés nus e gelados. Levava no avental velhinho uma porção de pacotes de fósforos. Tinha na mão uma caixinha: não conseguira vender uma só em todo o dia, e ninguém lhe dera uma esmola — nem um só centavo.
Assim, morta de fome e de frio, ia se arrastando penosamente, vencida pelo cansaço e desânimo — a imagem viva da miséria.
Os flocos de neve caíam, pesados, sobre os lindos cachos louros que lhe emolduravam graciosamente o rosto; mas a menina nem dava por isso. Via, pelas janelas das casas, as luzes que brilhavam lá dentro. Sentia-se na rua um cheiro bom de pato assado — era a véspera de Natal —; isso sim, ela não esquecia.
Achou um canto, formado pela saliência de uma casa, e acocorou-se ali, com os pés encolhidos, para abrigá-los ao calor do corpo; mas cada vez sentia mais frio. Não se animava a voltar para casa, porque não tinha vendido uma única caixinha de fósforos, e não ganhara um vintém. Era certo que levaria algumas lambadas. Além disso, em sua casa fazia tanto frio como na rua, pois só havia o abrigo do telhado, e por ele entrava uivando o vento, apesar dos trapos e das palhas com que lhe tinham tapado as enormes frestas.
Tinha as mãozinhas tão geladas... estavam duras de frio. Quem sabe se acendendo um daqueles fósforos pequeninos sentiria algum calor? Se se animasse a tirar um ao menos da caixinha, e riscá-lo na parede para acendê-lo... Ritch!. Como estalou, e faiscou, antes de pegar fogo!
Deu uma chama quente, bem clara, e parecia mesmo uma vela quando ela o abrigou com a mão. E era uma vela esquisita aquela! Pareceu-lhe logo que estava sentada diante de uma grande estufa, de pés e maçanetas de bronze polido. Ardia nela um fogo magnífico, que espalhava suave calor. E a meninazinha ia estendendo os pés enregelados, para aquecê-los, e... tss! Apagou-se o clarão! Sumiu-se a estufa, tão quentinha, e ali ficou ela, no seu canto gelado, com um fósforo apagado na mão. Só via a parede escura e fria.
Riscou outro. Onde batia a luz, a parede tornava-se transparente como um véu, e ela via tudo lá dentro da sala. Estava posta a mesa. Sobre a toalha alvíssima via-se, fumegando entre toda aquela porcelana tão fina, um belo pato assado, recheado de maçãs e ameixas. Mas o melhor de tudo foi que o pato saltou do prato, e, com a faca ainda cravada nas costas, foi indo pelo assoalho direto à menina, que estava com tanta fome, e...
Mas — o que foi aquilo? No mesmo instante acabou-se o fósforo, e ela tornou a ver somente a parede nua e fria na noite escura. Riscou outro fósforo, e àquela luz resplandecente viu-se sentada debaixo de uma linda árvore de Natal! Oh! Era muito maior e mais ricamente decorada do que aquela que vira, naquele mesmo Natal, ao espiar pela porta de vidro da casa do negociante rico. Entre os galhos, milhares de velinhas. Estampas coloridas, como as que via nas vitrinas das lojas, olhavam para ela. A criança estendeu os braços diante de tantos esplendores, e então, então... apagou-se o fósforo. Todas as luzinhas da árvore de Natal foram subindo, subindo, mais alto, cada vez mais alto, e de repente ela viu que eram estrelas, que cintilavam no céu. Mas uma caiu, lá de cima, deixando uma esteira de poeira luminosa no caminho.
— Morreu alguém — disse a criança.
Porque sua avó, a única pessoa que a amara no mundo, e que já estava morta, lhe dizia sempre que, quando uma estrela desce, é que uma alma subiu para o céu.
Agora ela acendeu outro fósforo; e desta vez foi a avó quem lhe apareceu, a sua boa avó, sorridente e luminosa, no esplendor da luz.
— Vovó! — gritou a pobre menina. Leva-me contigo... Já sei que, quando o fósforo se apagar, tu vais desaparecer, como sumiram a estufa quente, o pato assado e a linda árvore de Natal!
E a coitadinha pôs-se a riscar na parede todos os fósforos da caixa, para que a avó não se desvanecesse. E eles ardiam com tamanho brilho, que parecia dia, e nunca ela vira a vovó tão grandiosa, nem tão bela! E ela tomou a neta nos braços, e voaram ambas, em um halo de luz e de alegria, mais alto, e mais alto, e mais longe... longe da Terra, para um lugar, lá em cima, onde não há mais frio, nem fome, nem sede, nem dor, nem medo, porque elas estavam, agora, no céu com Deus.
A luz fria da madrugada achou a menina sentada no canto, entre as casas, com as faces coradas e um sorriso de felicidade. Morta. Morta de frio, na noite de Natal.
A luz do Natal iluminou o pequenino corpo, ainda sentado no canto, com a mãozinha cheia de fósforos queimados.
— Sem dúvida, ela quis aquecer-se — diziam.
Mas... ninguém soube que visões maravilhosas lhe povoaram os últimos momentos, nem com que júbilo tinha entrado com a avó nas glórias do Natal no Paraíso.
(Hans Christian Andersen)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

TEATRO DE SOMBRAS


As férias estão chegando e as previsões sobre o clima, não são nada animadoras para este verão. Então vai uma sugestão de atividade para pais e filhos.

Ao realizar jogos dramáticos, a criança tem a oportunidade de tomar consciência de seu corpo e de interagir com outras crianças. O trabalho com gestos e expressões estimula o desenvolvimento de habilidades específicas, como a abstração, além de trabalhar com uma seqüência de eventos encadeados, estimulando o desenvolvimento da estrutura temporal do pensamento.

Material para o teatro de sombras: lanterna ou abatjour e lençol branco.

Estender o lençol branco, fixando-o pelas pontas como se fosse uma tela. A criança que irá fazer as sombras deve se colocar atrás do lençol, e a lanterna ou o abatjour devem ser colocados atrás da criança.
Escurecer o ambiente para dar um melhor efeito.
A criança que ficar atrás do lençol poderá fazer movimentos com as mãos ou mímica com o corpo.
Uma criança ou um grupo poderá criar uma história curta com alguns personagens, e dramatizar atrás do lençol, com músicas e diálogos.
As crianças que assistem tentarão adivinhar o que está sendo apresentado através das sombras.

Boa diversão!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

SERÁ QUE A MODA PEGA?


A personagem Rafaela, da telenovela Viver a Vida, tem sido valorizada e assim vem aparecendo regularmente nos capítulos da série. Parece que os personagens crescem na trama de acordo com o interesse dos telespectadores, então imagino que as pessoas estejam gostando do comportamento “mini adulto” da pequena Rafaela.
A relação entre Dora e sua filha, exemplifica a discussão sobre “pais amigos dos filhos”. Há cenas em que a mãe diz que às vezes parece que ela é a filha, e a Rafaela, a mãe.
O diretor Manoel Carlos, conseguiu retratar exatamente o que acontece de fato, entre mãe e filha, quando as funções não estão bem estabelecidas. O resultado é uma criança inconveniente, sem limites e manipuladora.
Nenhum problema criar uma história onde haja personagens bons ou maus, adequados ou inadequados, fadas ou bruxas, mães afetivas ou madrastas invejosas, estas figuras existem para ajudar na construção da subjetividade dos valores morais e éticos, além de auxiliar na elaboração de conflitos internos.
A telenovela se aproxima mais do cotidiano do telespectador, provocando assim, uma identificação intensa com os personagens e as situações vividas por eles.
Este tipo de entretenimento está preparado para captar desejos e necessidades da sociedade e exerce uma função informativa, que nessa telenovela, possibilita a discussão sobre as necessidades e potencialidades das pessoas com algum tipo de limitação.
O problema é que a telenovela modela os gostos e as preferências das massas, formando suas consciências ao introduzir o desejo pelo supérfluo e ao sugerir padrões de comportamento.
Corre-se o risco da sociedade ser invadida pela “moda Rafaela” e ser mais uma vez, testemunha da proliferação de crianças inadequadas, incentivadas por seus pais, já que esse tipo de comportamento desafiador, que não reconhece conhecimento nas figuras de autoridade é o perfil da criança “inteligente e independente”, apresentado na história.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

CENAS DO COTIDIANO


Certa vez estava esperando o elevador no Centro Clínico da Av. Ana Costa, um edifício de profissionais da área da saúde, e no hall estavam outras pessoas, incluindo uma criança de mais ou menos oito anos, e sua mãe. Quando a porta se abriu, havia pessoas no seu interior, inclusive uma senhora numa cadeira de rodas e sua acompanhante. Mas para a criança, a campainha de aviso de chegada do elevador deve ter soado como uma campainha de luta de boxe, na qual o lutador fica completamente “obcecado” em atacar...a criança simplesmente “atacou” e foi abrindo espaço entre as pessoas que saíam do elevador, mas acabou sendo barrada pela cadeira de rodas com a senhora e sua acompanhante, entaladas no espaço entre o piso do elevador e o piso do hall. Se avançassem, atropelavam a criança que parecia decidida a não arredar o pé, afinal de contas ela queria entrar, e por outro lado, para a criança avançar tinha que passar por cima da senhora na cadeira de rodas e da acompanhante, a não ser que essa chegasse um pouco mais para a esquerda.

Coitada da mãe! Sua voz era tão fraquinha diante do poder de seu filho, que ele não escutava seus apelos para dar licença.

Por fim, a senhora na cadeira de rodas e sua acompanhante venceram a luta, também elas eram duas!


É lamentável observar atitudes de desrespeito às normas básicas para a convivência em sociedade.
Presenciamos todos os dias um desrespeito generalizado, crianças, jovens, adultos homens e mulheres infringindo leis simples, baseadas no bom senso e na lógica: é preciso esvaziar para encher!
Creio que uma das explicações para tamanha crise de conduta seja a falta de autoridade.
Para ser um adulto adequado, é necessário ter sido uma criança que recebeu e incorporou valores culturais, sociais e éticos, transmitidos por aqueles que reconhecidamente tinham um lugar de autoridade em suas vidas: os pais.
É frequente o desejo dos pais serem os melhores amigos dos filhos, mas isso é um equívoco. Ao se posicionarem como igual, a mãe ou o pai, perdem o lugar de autoridade. Não apenas daquele que coloca limites e regras, mas aquele que detém conhecimento para poder ensinar.
Ora, se os filhos não reconhecem seus pais como detentores do saber, muito pouco podem fazer as regras e normas estabelecidas informal ou formalmente, para conter necessidades e desejos, que para o bom funcionamento do grupo, devem ser adiados.
Os tempos mudaram, mas pai e mãe continuam tendo função estruturante no desenvolvimento de um indivíduo estruturado.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

CRIANÇAS ENTRE 3 E 7 ANOS


Pais e educadores devem estimular e orientar as crianças dessa faixa etária, a atividades que tomam forma de jogos funcionais e de imaginação.
Para brincar com uma criança, ou com um grupo de crianças, de forma espontânea ou organizada é necessário espaço. Portanto, é importante um espaço reservado para o brinquedo, que permita à criança ter o máximo de liberdade nos seus movimentos e possibilidades variadas de “fazer de tudo”, inclusive brincar com tinta, água, areia, e outros materiais que são permitidos “apenas na casa dos outros”.
Depois de estabelecido o local da brincadeira, deve-se pensar em oferecer um material que permita a livre expressão da criança como: bolas de diferentes tamanhos, pedaços de madeira, cordões de diferentes tamanhos, cordas de pular, sacolas ou caixinhas cheias de grãos (exemplo feijão, grão de bico), caixas vazias, retalhos de tecidos, etc.
O objetivo principal é permitir à criança alcançar conhecimento através da vivência corporal, desenvolvendo com prazer a motricidade espontânea e a linguagem.

Da vivência, a criança passa para a capacidade de perceber o mundo a sua volta, e assim representá-lo mentalmente.
Dessa forma garante-se um meio favorável para o desenvolvimento das potencialidades cognitivas da criança, e o ajustamento psico-social.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

"É PROIBIDO PROIBIR"


Lembram-se da frase "É Proibido Proibir" ?


Estas foram palavras de ordem das décadas de 60 e 70, do movimento hippie.


Pelo que vemos hoje em dia, boa parte dos pais não conseguem controlar seus filhos, porque eles mesmos acreditam que tudo são direitos e nada é dever, herança da luta pela liberdade.


É lamentável que as pessoas confundam o poder de impor limites necessários à educação, para a convivência em sociedade com o exacerbamento deste poder, ditado apenas pelo desejo de se impor a qualquer custo.


Os pais tem medo de exercer qualquer poder sobre seus filhos, seja ele justo e necessário.


A criança torna-se civilizada através da aprendizagem de regras e limites, e isto não quer dizer que é só dizer “não”, os pais devem ser firmes e constantes no estabelecimento de normas, e principalmente, se conscientizar que a autoridade parental é legítima.


Fala-se muito sobre a falência da instituição familiar, mas pouco se entende porque isto está acontecendo. A sociedade moderna exige que sejamos produtivos e consumidores, e para isso devemos investir muito no nosso trabalho. Essa mesma sociedade prega um descompromisso com todas as tradições e incita as pessoas a viver de maneira oposta às escolhas de seus pais.


Pai e mãe ficam por muito tempo longe de seus filhos, e acabam se sentindo impossibilitados para educa-los, transferindo a responsabilidade para cuidadores e educadores, o que parece não resolver o problema.


A falta de autoridade já estabeleceu o absurdo...crianças comandam e determinam de que jeito querem as coisas, pais obedecem e procuram não frustrar seus pequenos, com medo de causarem traumas e deixarem de ser amados por eles.


Para que vocês tenham idéia de como a coisa está feia é só olhar o sucesso das séries televisivas tipo Supernanny.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

OBESIDADE INFANTIL


Existem controvérsias sobre a definição da obesidade infantil, mas sabe-se que envolve fatores genéticos, nutricionais, endócrinos e sedentarismo.
O que vemos hoje em dia é a substituição de alimentos saudáveis por pizzas, sanduíches, salgadinhos, que além de mais rápidos para serem preparados estimulam a produção de células de gordura.

O melhor é a prevenção, que começa em casa e continua na escola. Noções de educação alimentar, a prática de atividade física e esporte, além do preparo de receitas criativas e coloridas, com a participação da criança ajudam muito na criação de um novo conceito de refeição.

A obesidade infantil é um fator de risco para a obesidade na vida adulta, causa de problemas cardiovasculares, hipertensão, diabetes e colesterol alto.

As dimensões corporais podem desencadear distúrbios psicológicos, como a baixa auto-estima. Observa-se que crianças entre seis e nove anos mostram menor propensão em unir-se com crianças obesas para quaisquer tipos de atividades sociais e recreativas. Surge a partir daí uma relação causa-efeito entre gordura e incapacidade.

O excesso de peso afeta negativamente a imagem corporal, interferindo na forma da criança pensar a respeito de si mesma.
O enfoque discriminatório pode gerar preconceito em relação à criança obesa, proporcionando dificuldades para relacionamentos sociais e afetivos.
A obesidade deve ser prevenida e corrigida, tendo em vista a saúde e a qualidade de vida.




quinta-feira, 29 de outubro de 2009

DEPENDENTE DE INTERNET

Cristina procurou ajuda quando Cauê, seu único filho com 14 anos, arrebentou a porta do quarto com socos e pontapés.
Ela acreditava que as horas que seu filho dedicava ao computador era um bom entretenimento para uma criança retraída.
Cauê sempre foi muito dependente emocionalmente de sua mãe, seus pais se separaram quando ele tinha 3 anos e desde então as visitas de seu pai foram ficando cada vez mais escassas. Cauê disse que só vê o pai quando o encontra na barraca da praia.
Desde 2008, Cristina vem percebendo que Cauê tem uma necessidade contínua e crescente em estar online. Passou a avaliar este uso excessivo do computador como a forma que seu filho tem de fugir dos problemas ou de aliviar sentimentos de baixa auto-estima. Percebeu que ele estava mentindo para encobrir a extensão do envolvimento com as atividades online. Cauê se negava a sair de casa e não procurava mais os poucos amigos que tinha, ia dormir tarde e não conseguia acordar cedo para ir à escola. Seu desempenho escolar estava muito abaixo da média, ele não fazia nenhuma atividade acadêmica em casa, nem na escola. Cristina foi chamada pela coordenadora que apresentou os baixos resultados do aluno.
A mãe achou que Cauê tinha passado dos limites e considerou que o uso do computador estava interferindo negativamente no desempenho social, afetivo e acadêmico de seu filho e resolveu tirar o computador do menino. Mas foi surpreendida com a reação agressiva de Cauê, segundo ela “parecia que ele estava drogado”.
Estudos revelam que a tecnologia pode ser usada de forma aditiva, tal como droga, álcool, jogo, provocando novas patologias como ficar dependente de internet.
Crianças e jovens com uma problemática já existente correm mais riscos de usar de forma exacerbada as tecnologias, não apenas o computador e internet, mas também o celular e os videojogos.
Assim o que começa com uma solução acaba por se converter numa conduta obsessiva incontrolável, que vai influenciar negativamente nas rotinas diárias e básicas do indivíduo.
O mundo virtual é interessante e cria uma realidade paralela que é uma abstração, quando estas crianças e jovens enfrentam a realidade podem sofrer, porque tudo é muito diferente do que se idealiza.
Desde 1996 o uso compulsivo da internet vem sendo estudado. Os critérios para este diagnóstico estão relacionados a um comprometimento no plano social, familiar, acadêmico e profissional por um uso preferencial e às vezes exclusivo da internet sobre as outras atividades e uma incapacidade para controlar o número de horas de uso da internet, com uma tendência a ter sensação de tristeza, ansiedade e mal-estar quando não está online.
Os dependentes do uso de internet buscam a gratificação imediata de suas necessidades básicas de relacionamento interpessoal, reconhecimento social e outras, que não são supridas no mundo real, conseqüência de um padrão de personalidade desestruturada.
Esse tipo de dependência também produz lesões físicas como inflamação na pele, problemas musculares e dores nas costas, por falta de exercício físico, luz solar e ar fresco, o que fragiliza o sistema imunológico.
Na Coréia do Sul, Japão e China já existem centros de reabilitação para os que sofrem de síndrome de abstinência cibernética, já que os sintomas de abstinência são típicos da privação de qualquer droga: depressão, ansiedade, medo, irritabilidade e até comportamento violento.
Hoje em dia crianças e jovens estão cada vez mais envolvidos com as novas tecnologias, e para que isso não se torne um problema o melhor é a prevenção.

Portanto comece por não estimular seu filho a usar o computador para que você tenha alguns minutos de tranqüilidade, a sua disponibilidade para atendê-lo vale mais do que qualquer tecnologia.




quinta-feira, 22 de outubro de 2009

CIÚME ENTRE IRMÃOS


Maria Clara ficou muito feliz com a chegada de seu irmãozinho, na época ela tinha três anos e seis meses, mas agora aos cinco anos de idade, Eduardo com um ano e seis meses passou a ser um problema em sua vida.

Ela manteve uma relação amistosa até agora, mas o irmão está tomando mais espaço do que ela pode suportar. A menina passou a ter um comportamento agressivo com Eduardo, muitas vezes colocando em risco a integridade física do irmão.

Um irmão pode ser muito bom quando companheiro das brincadeiras, nas trocas de experiências e na aprendizagem de habilidades sociais, mas pode ser um rival quando se trata de dividir a atenção, e mais problematicamente, o amor dos pais. Um irmão é capaz de desencadear sentimentos contraditórios de amor e ódio, de levar a comportamentos agressivos, com o objetivo de “eliminar” a ameaça, ou comportamentos regressivos, para provocar pena de quem se deseja atenção.

O ciúme entre irmãos é esperado, faz parte das aprendizagens necessárias ao desenvolvimento da socialização. A criança deve aprender a dividir, a esperar a sua vez e principalmente que ela não é a única na vida das pessoas.

Uma dinâmica familiar que permita a manifestação deste sentimento e boas conversas sobre o assunto, de forma que aponte para a criança ciumenta o que ela está sentindo, auxilia na elaboração de suas emoções.
Os pais também devem refletir se a forma como tratam seus filhos contribui para o ciúme.

É difícil encontrar pais que admitam que tem preferência, eles afirmam amar os filhos da mesma forma, mas parece impossível não reconhecer características que valorizam ou que repudiam, ou até de se reconhecer num dos filhos. Tudo isso parece normal, o importante não é amar igual, mas agir com justiça, sem regalias ou protecionismo. O tratamento privilegiado é uma das maiores fontes de ressentimentos.

O ciúme é um sentimento que faz parte das relações afetivas, ele surge diante do medo real ou imaginário de perder o amor da pessoa amada.
Crianças com falta de confiança no outro e/ou em si próprio estão mais suscetíveis a experimentar sentimentos exagerados. O ciúme revela a insegurança da criança em relação ao afeto dos que a cercam, e ela procura chamar a atenção para si ou “destruir” o objeto causador da sua perda.

É essencial que a criança aprenda que tem ganhos sendo compreensiva e que saber compartilhar o carinho das pessoas e até mesmo os brinquedos é recompensador, mas no caso da situação ficar insustentável, um profissional capacitado deve ser procurado.




quinta-feira, 15 de outubro de 2009

BULLYING ENTRE CRIANÇAS E JOVENS


Paulo, 12 anos, durante o recreio foi jogado no latão de lixo por um grupo de colegas de classe. Isabela, 10 anos, circulou por alguns minutos pelo recreio com um cartaz grudado nas suas costas que dizia “baleia”. Marcos, 8 anos, teve sua calça puxada por colegas durante o recreio, de modo que suas nádegas ficaram expostas até que conseguisse se desvincilhar do grupo e puxá-la para cima. Patrícia, 9 anos, ficava sozinha durante o recreio, pois as colegas de classe diziam que ela era feia e filha de feirante.

Vejam a lista que caracteriza violência física e/ou psicológica conhecida como bullying:

Insultar sistematicamente.
Ataques físicos repetidos, contra a pessoa ou sua propriedade.
Danificar objetos pessoais de uma pessoa (material escolar, roupas, etc).
Espalhar rumores negativos.
Depreciar uma pessoa sem qualquer motivo.
Obrigar uma pessoa a fazer o que ela não quer, sob ameaça.
Colocar alguém em situação problemática ou conseguir uma ação disciplinar contra alguém, por algo que ela não cometeu.
Fazer comentários depreciativos sobre a família de uma pessoa, sobre o local de sua moradia, aparência pessoal, orientação sexual, religião, etnia, nível socio-econômico.
Isolamento social.
Usar as tecnologias de informação para pratica o cyberbullying (criar páginas falsas em site de relacionamento, publicar fotos, etc).
Chantagem.
Expressões ameaçadoras.
Grafitagem depreciativa.
Usar de sarcasmo.

O bullying não envolve necessariamente criminalidade ou violência, mas frequentemente funciona através de abuso psicológico, uma combinação de intimidação e humilhação.
Se pararmos para pensar, atitudes anti-sociais sempre existiram, quem não lembra de ter passado um recreio tomando lanche sozinho, pois os amiguinhos se uniram contra você e te isolaram por vinte minutos, quem não foi chamado de “quatro olhos” quando começou a usar óculos, que chegou em casa chorando, pois os colegas riram do seu jeitão de correr... Mas havia limites para estas “maldades” de criança. Havia supervisão dos pais e dos educadores e principalmente se valorizava os vínculos afetivos.
Além das causas identificadas por pesquisadores como violência doméstica, ausência de valores, de limites, de regras de convivência, observa-se falta de empatia nos modelos educativos.
A empatia é a capacidade que temos, ou deveríamos ter, de compreender a perspectiva psicológica das outras pessoas, ser capaz de se colocar no lugar do outro e entender suas reações emocionais.
O bullying é um tema que vem despertando o interesse, pois não se trata de ofensas “bobas”, podendo acarretar sérias consequencias ao desenvolvimento psíquico de crianças e de jovens, gerando desde de baixa auto-estima, até casos mais severos como o suicídio e outras tragédias.
O bullying ocorre mais em situações sem a supervisão de adultos, o recreio é convidativo à existência de comportamentos de intimidação. É necessário adotar estratégias como a oferta de atividades dirigidas por educadores treinados. Seria ótimo que durante o recreio fossem oferecidas oficinas não só com o objetivo de promover aprendizagem informal, mas também dinâmicas de grupo que desenvolvessem princípios de solidariedade, tolerância e respeito às diferenças.
No Brasil existe um projeto pioneiro, o “Programa Educar para a Paz”, desde agosto de 2002, que inclue o trabalho individualizado com os envolvidos em bullying, bem como o envolvimento de toda a escola, pais e a comunidade em geral. Para conhecer um pouco mais sobre este trabalho veja o vídeo no www.youtube.com.br

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

NORMAL?????


O conceito de normalidade em psicologia é uma questão bastante discutível.
Quando se trata de alterações comportamentais extremas fica bem mais fácil identificá-las e classificá-las, mas quando não há diferenças significativas, fica bem mais difícil uma avaliação, até porque o conceito de normalidade impõe uma análise do contexto sociocultural, exige um estudo sobre a suposta alteração comportamental e o contexto social no qual ele acontece.
As culturas estabelecem uma norma ideal, que é supostamente “sadia” e esperam uma adaptação do indivíduo a tal norma. Isto ocorrendo, considera-se o indivíduo “normal”.
Chamo a atenção dos leitores deste artigo para a erotização da criança. Diferente de tratarmos do desenvolvimento da sexualidade infantil, já que ela faz parte de todos os estágios do desenvolvimento do indivíduo e que seguindo seu curso natural, terá uma função importante na construção das emoções, das relações sociais, da experimentação dos papeis feminino e masculino.
O acesso e a estimulação precoce da erotização queimam etapas do desenvolvimento, e acabam exigindo que a criança lide com o assunto sem o devido entendimento, adquirindo uma percepção alterada do próprio corpo: objeto de prazer, consumo e status social.
As estatísticas comprovam as conseqüências das distorções, aumento da gravidez precoce, aumento de casos de abuso e de violência sexual.
Um outro agravante sobre a questão é a aprovação dos pais para o uso de roupas inapropriadas para a idade, principalmente em meninas, escutar músicas e dançar coreografias sensuais, assistir programas de TV e filmes inadequados para a capacidade compreensiva da criança, já que teoricamente são dirigidos à pessoas maduras.
A escola também deve intervir com projetos educacionais que desenvolvam a capacidade crítica e reflexiva sobre o tema sexualidade.
Atualmente, observa-se entre as crianças um mal estar em ser “infantil” o que traz efeitos negativos no campo da maturação afetiva e social da criança.
Volto à idéia inicial do texto, em que a cultura estabelece uma norma supostamente “sadia”, e que a adaptação do indivíduo, autoriza sua “normalidade”. Deixo aos leitores a oportunidade de questionar normas culturais, e não simplesmente introduzi-las em suas condutas apenas para não ser “diferente”, mas talvez saudável.



O JOGO DAS CINCO MARIAS



Este jogo é um desafio para a criança da era "digital".

As cinco marias joga-se da seguinte maneira: lançar uma peça para o alto e antes que caia no chão, pegar outra peça. Depois tentar pegar duas, três...até ficar com todas na mão. Esta é a base do jogo, mas você pode dificultar acrescentando movimentos que dão o nome às jogadas chuvinha, faca, zigue-zague e outras.

O jogo tem origem em um costume da Grécia antiga. Quando queriam consultar os deuses ou tirar a sorte, os homens jogavam ossinhos da pata de carneiro (astrágalos) e observavam como caíam. Cada lado do ossinho tinha um nome e um valor, e a resposta divina às perguntas humanas era interpretada a partir da soma desses números.

Com o tempo, os ossinhos foram substituídos por pedrinhas, sementes até chegar nos saquinhos de areia.

Fica a dica de diversão para os pais no dia das crianças.


















quinta-feira, 1 de outubro de 2009

CRIANÇA TAMBÉM FICA ESTRESSADA...




Vivemos numa sociedade que exige eficiência e rapidez, somos cobrados e cobramos. Pode até ser que esta cobrança não seja explícita, mas há sempre expectativas de habilidades acadêmicas, sociais, esportivas, o que pode transformar as crianças em vítimas de estresse.

A vida moderna tem levado a uma diminuição do tempo entre pais e filhos, preocupados em manter o lar, em progredir profissionalmente, acabam fazendo tais exigências à distância sem apoio afetivo. Além disso, brigas entre o casal, separação, dificuldade de adaptação social, competitividade são causas frequentes de estresse infantil.

Os pais devem ficar atentos à manifestação de alterações comportamentais como irritabilidade, medos excessivos, pesadelos, alterações de apetite e de sono, comportamentos regredidos como voltar a urinar na cama, chupar o dedo, comportamentos agressivos e afastamento dos amigos. São consideradas alterações significativas quando persistirem pelo menos durante seis meses, isto quer dizer que não é uma fase, e que vai passar...

Segundo estudos da PUC Campinas o estresse infantil pode ser consequência de fatores internos, diretamente relacionados com características de personalidade, que acabam potencializados por fatores externos devido a mudanças significativas ou constantes, responsabilidades e excesso de atividades, brigas ou separação dos pais, exigência ou rejeição dos colegas, disciplina confusa dos pais, nascimento de irmão, doença ou hospitalização, pais ou professores estressados. Os fatores externos, mesmo não relacionados a características de personalidade podem ser suficientemente estressantes para causar alterações comportamentais.

Respeitar o ritmo da criança e não fazer comparações, ouvir suas queixas com atenção e ajudar a criança a encarar os desafios do dia-a-dia promove o estabelecimento de vínculos de confiança entre pais e filhos, e consequentemente fortalece a estrutura de personalidade da criança em desenvolvimento.
Deve ficar claro também, que o amor dos pais deve ser independente de um desempenho perfeito, pois esta certeza elimina a preocupação da criança em corresponder às expectativas de sucesso dos seus pais.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

"JÁ É HORA DE DORMIR..."




Muitos pais cometem o erro de permitirem, e muitas vezes estimularem, que seus filhos venham dormir na cama deles. As justificativas para tal atitude são as mais variadas, e para que a criança não acostume a dormir com os pais, a rotina é a melhor “técnica”.

Ensiná-las a dormir sempre na mesma hora, na sua caminha, com seu bichinho de estimação as ajudará aceitar a separação como sendo parte da vida, evitando sentimentos de ansiedade e negociações desnecessárias.

A hora de dormir é vivenciada pela criança como a hora de se separar de seus pais, dos brinquedos, portanto aceitar esta hora é ganhar autonomia.

Normalmente as crianças sofrem à noite de medos: do escuro, de monstros, sofrem com seu mundo imaginário. Dormir sozinho é uma grande oportunidade para aprender a superar seus medos. Esta situação pode converter-se em independência e confiança em si mesma.

É claro que toda a regra, tem uma exceção. Em situações especiais, principalmente no caso de doenças, a proximidade com os pais trás conforto e segurança, e a cama dos pais é um “porto seguro”.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O PODER TERAPÊUTICO DOS PETS NA INFÂNCIA




Juliana Santos encaminhou informações sobre o International Pet Meeting, que ocorreu no último dia quinze na sede da FIESP, em São Paulo.

O encontro abordou o poder terapêutico dos pets na infância, que contribuem para a redução da ansiedade, e até como estímulo do desenvolvimento da linguagem e de habilidades motoras.

Tenho acompanhado o crescimento de novas técnicas terapêuticas com crianças enfermas, e constatei que a utilização de animais como “objeto” intermediário no estabelecimento de vínculo afetivo apresenta respostas significativas.

Já existem algumas associações que trabalham pautadas nas teorias de vinculação e nas teorias das neurociências com bons resultados.
A Associação de Equoterapia, em Santos vem desenvolvendo um trabalho digno de nota.
A Equoterapia é um tratamento destinado aos deficientes físicos e mentais realizado com cavalos. Segundo a ONG a finalidade é desenvolver a coordenação motora e a auto-estima, superar limites e aprender com os aspectos emocionais, como medo e insegurança. Você pode saber mais sobre esta modalidade terapêutica no site da Associação Nacional de Equoterapia (www.equoterapia.org.br).

Temos visto também através dos meios de comunicação, a utilização de cães, coelhos e hamsters como variável motivadora no restabelecimento de crianças hospitalizadas. Os bichinhos recebem um tratamento adequado desde pequenos para que se relacionem com as crianças. Crianças deprimidas, gravemente enfermas conseguem demonstrar alegria e se sentem fortalecidas para suportar o tratamento.

O poder terapêutico dos pets não se restringe às crianças, hoje em dia pessoas que vivem sozinhas a idosos preenchem suas necessidades de “ser imprescindível” cuidando de seus bichinhos que funcionam como eternos “bebês”.


EDUCAR NOSSOS FILHOS, NÃO APENAS AGRADÁ-LOS...

Esta seção é dedicada às dúvidas mais freqüentes apresentadas pelos pais.

“Quando dizer não ?”
Ultimamente há uma grande permissividade no que diz respeito às faltas menos graves. Como se estas, por serem pequenas não tivessem significado e conseqüências. Muitos são os pais que dizem “mas ele ainda é pequeno, não entende”. Pois é a partir de pequenos atos de civilidade, que ensinamos as crianças o respeito pelo outro, pela sociedade, pela natureza... A pista para os pais dizerem “não”, é exatamente aquela em que a criança demonstra não ver, não sentir e não perceber certas regras, que fazem parte da humanização do homem.

“Ele não quer sair da frente da TV”
A TV não é obrigatoriamente um mal, e podemos torná-la uma aliada na educação. Devemos ter em mente três atitudes básicas: censurar certos programas (privando-nos também) e limitar o número de horas que a criança assiste a TV; substituir algumas dessas horas por atividades lúdicas (de preferência em companhia da família); e reservar um tempinho para assistir um programa com a criança e usar a situação para desenvolver nela uma postura crítica de espectador.

“Depois da separação, meu filho ficou agressivo”
O que posso dizer, com toda honestidade, é que há mais possibilidades de filhos de pais separados apresentarem problemas, mas não pelo fato deles serem separados, e sim porque na maioria das vezes fica uma situação mal resolvida entre o casal. Os filhos acabam sendo envolvidos, ou pior, acabam sendo usados para ferir o ex-cônjuge, acarretando problemas emocionais ou potencializando os já existentes.

“Ele não quer fazer a lição de casa”
Primeiramente a criança precisa ter rotina, criar hábito. A medida que ela internaliza esta conduta, irá desenvolver responsabilidade e compromisso com os deveres de escola.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

VOCÊ CUIDAVA DA SUA BONECA COMO SE FOSSE SEU BEBÊ ?


Imagina-se que as primeiras estatuetas de barro tenham sido feitas pelo Homo Sapiens há pelo menos 40 mil anos, para seus rituais.
No decorrer da história, há 5 mil anos no Egito, as estatuetas passaram a ser utilizadas como boneca. Representavam um mero mortal para diferenciar-se dos ídolos, esculpidas em madeira algumas tinham cabelo feito de contas ou de cabelo humano.
Na Grécia, as bonecas acompanhavam as meninas até o casamento, quando eram dedicadas a Afrodite, deusa do amor e da fertilidade.
Na Roma Antiga surgiram os bonecos que representavam soldados e na Idade Média, as bonecas eram usadas para apresentar criações de estilistas, que as enviavam às rainhas para que escolhessem seus modelos.
No século XX, as bonecas começaram a dar risada, a engatinhar e a falar, sendo a Barbie um marco revolucionário do conceito de boneca.
No Brasil em 1962, a Estrela lançou a Susi e seu limitado guarda-roupa, mas hoje já existem bonecas programadas eletronicamente, que pedem comida na hora certa e respondem à aproximação de alguém.

A evolução do conceito de boneca está intimamente relacionada com o momento da história, mas sua função no desenvolvimento infantil ainda é o mesmo: substituir pessoas reais. Assim a criança cria um mundo próprio, no qual repete experiências que ainda não dominou, experimenta sentimentos diferentes como amor, confiança, mas pode também sentir inveja, frustração ou rejeição. De maneira lúdica procura resolver problemas, encontrar soluções, realizações que no mundo real não lhe é permitido, e no dia a dia libera suas angústias e conflitos ativando um processo de crescimento sadio.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM: ALUNO OU ESCOLA ?


A escola atual, com frequência, desconsidera as diferenças individuais e está pouco aberta às diversidades, sendo muitas vezes, incapaz de adequar recursos e metodologias, principalmente aos alunos que requerem uma atenção individualizada

Hoje em dia, o que se espera é uma escola que rompa com modelos rígidos e inflexíveis dirigidos ao aluno médio, e que se questione sobre a eficácia de suas estratégias pedagógicas. Há necessidade de rever também, a capacitação dos profissionais que lidam diretamente com o aluno.

Desta maneira, abre-se uma discussão sobre a influência da escola na vida das crianças, e principalmente quando pensamos em crianças com dificuldades para a aprendizagem.

A educação vem sendo “medicalizada” (Collares, 1994), o que representa uma biologização dos problemas, como se todas as dificuldades pudessem ser explicadas e reduzidas a características individuais. Desta forma a aprendizagem e a dificuldade de aprender seriam algo individual, inerente ao aluno, ao qual o professor não tem acesso, muito menos responsabilidade.

O mais comum é encontrarmos diagnósticos centrados no aluno, chegando ao máximo aos pais; a instituição escolar, a política educacional não são questionadas.

Parece haver um “alívio” quando os diagnósticos são apresentados, já que eles justificam as dificuldades da criança avaliada.

Os professores, que deveriam ser também responsáveis por analisar e fazer intervenções para resolver ou minimizar os problemas pedagógicos de seus alunos, assumem uma postura defensiva, reconhecendo-se apenas como mediadores do conhecimento.

O que deveria ser objeto de reflexão e mudança no processo pedagógico acaba sendo ocultado, pela dificuldade localizada apenas no aluno.

MOTIVAÇÃO: ESTRATÉGIA PARA SALA DE AULA

Os recursos materiais devem atender aos objetivos e conteúdos pedagógicos, de modo a promover aprendizado.

Os recursos didáticos são facilitadores da aprendizagem e funcionam como material motivador e como apoio à aprendizagem, tornando a aula mais interessante e mais dinâmica.

Quero dividir com vocês uma atividade que estimula atenção e raciocínio lógico-matemático.

Confeccionar com os alunos dez placas circulares divididas em
pedaços iguais, como uma pizza.

É importante deixar um pequeno círculo no centro das placas para por um resultado.

A atividade segue as regras de um jogo de dominó, o professor deverá anunciar um resultado, por exemplo 20, e os alunos devem buscar as várias operações que resultam deste número, por exemplo 5x4, 40:2, 90-70, etc, para formar a placa.

Esta atividade pode ser usada como recurso para a aprendizagem de operações simples ou mais complexas, como equações.

Por volta dos sete anos a criança já é capaz de trabalhar de uma forma operatória, mas ainda não consegue raciocinar por simples proposição verbal, necessitando de elementos concretos, como a atividade proposta, que lhe permitam manipular e fazer essas relações.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

NEGLIGÊNCIA PRECOCE


Regina é mãe solteira e foi abandonada por seu namorado, pai da criança, durante o período de gestação. Apesar de ter assumido a gravidez, o bebê não era compatível com sua vida profissional.

Médica, ela tinha planos de fazer seu mestrado nos Estados Unidos, mas teve que adiá-lo.

Regina contratou os serviços de uma enfermeira, para ajudá-la nos cuidados com o bebê, mas ao final de quinze dias estava tão envolvida com seu trabalho que, os cuidados com seu filho ficaram, exclusivamente, com a enfermeira.

A separação precoce entre mãe e filho foi o início de uma relação pouco afetiva, entre um filho carente e uma mãe ausente, absolutamente não continente das angústias da criança.

Gabriel, atualmente com sete anos, não suporta frustração e reage de forma violenta, não reconhece autoridade e desafia as pessoas a sua volta. Esperava-se que nessa idade, Gabriel já fosse capaz de inibir seus impulsos, adiar seu prazer em nome da socialização, mas era uma criança agressiva, não sabia esperar a sua vez, não suportava perder e exigia que sua mãe comprasse o brinquedo igualzinho ao do amigo, que ele ainda não possuia.

O menino era um “pequeno tirano” e a mãe não tinha o menor controle sobre seu comportamento, mesmo assim Regina decidiu organizar uma festa de aniversário, pois acreditava que premiando-o conseguiria uma trégua.

A festa no buffet foi um desastre, Gabriel não queria enfrentar fila nos brinquedos e em alguns queria exclusividade, chorava e esperneava quando não era atendido, ele queria abrir os presentes e começou a tira-los da caixa onde estavam sendo guardados, e o ponto alto da festa foi se negar a cantar o parabéns, aos berros, porque na mesa do bolo não estavam todos os super-heróis que ele havia determinado.

Vamos considerar Negligência Precoce a situação onde não há uma interação satisfatória entre mãe e filho durante uma fase crítica na vida da criança, a primeira infância, esta condição é capaz de interferir no desenvolvimento infantil.
A criança pode ter recebido cuidados materiais e físicos adequados, mas um relacionamento emocionalmente indiferente ou carente poderá causar danos psicológicos permanentes.

Alguns cientistas constataram que a formação do vínculo afetivo não se limita aos seres humanos. Chimpanzés também apresentaram atraso do desenvolvimento quando privados do contato materno adequado.

Os cientistas acreditam que situações de Negligência Precoce podem determinar alterações no funcionamento social, pois a falta de interação entre mãe e filho, onde a criança está privada, cronicamente, das necessidades básicas para seu desenvolvimento pleno e normal, pode causar prejuízo do desenvolvimento da empatia.

A negligência familiar é um tipo de agressão pela falta de ação, a mãe e o pai negligentes são responsáveis pelo que não fizeram.

A chamada Teoria do Vínculo, diz respeito à necessidade de amor materno para as crianças se desenvolverem bem. O rompimento dos laços afetivos é um fator de risco para o desenvolvimento de desordens psicoafetivas.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

RODA PIÃO, RODA PIÃO...

Geralmente de madeira, o pião é um objeto cônico que quando torcido com a ajuda de um fio ou com as pontas dos dedos faz um movimento de giro.

Cerca de três mil anos a.c., na Babilônia, já existiam os piões, feitos de argila com as bordas decoradas com formas de animais, humanas e relevos. Eles foram encontrados em túmulos de crianças, assim como as bolinhas de gude.

A brincadeira com este objeto propicia inúmeras aquisições, mas a principal delas é o desenvolvimento e o refinamento da motricidade fina, responsável por habilidades de escrita, costura, pintura.

O desenvolvimento de habilidades manuais está intimamente relacionado ao desenvolvimento de habilidades cognitivas, é como se a criança "pensasse com as mãos".

A BRINCADEIRA CERTA NA IDADE ADEQUADA


Por experiência posso afirmar que as crianças que tiveram um meio ambiente no qual foram respeitadas no seu processo de crescimento e desenvolvimento, que puderam explorar e vivenciar o mundo ao redor, estão no rastro da criatividade e da energia vital.
Portanto, vamos tratar criança como criança, estimular e mediar a brincadeira conhecendo algumas características evolutivas de dois a cinco anos.
Aos dois anos a criança gosta das coisas que se movem, brinca com areia, pedra e água, gosta de histórias e música.

Já aos três anos é capaz de inventar suas próprias histórias e utiliza o lápis com objetivos gráficos. Consegue traçar formas variadas e também se interessa por argila, fazendo bolinhas e tiras, dando nome a tudo que cria.

Aos quatro anos a criança acrescenta qualidade dramática à brincadeira, com argumentos e histórias das situações lúdicas e dos personagens.

Com cinco anos a criança gosta de armar quebra-cabeças e se interessa por atividades criativas como carpintaria, confecção de bijouterias, culinária entre outras atividades.
É importante ressaltar que a aprendizagem informal, através das brincadeiras será a base para a aprendizagem formal, do conhecimento acadêmico.


terça-feira, 18 de agosto de 2009


















Aguardo suas perguntas.... Vamos ampliar esta rede e criar uma verdadeira comunidade social.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A IMPORTÂNCIA DO PSICODIAGNÓSTICO INFANTIL

- Guto, agora dá o pacote de bolacha para a moça cobrar.
- Não!
- Mas nós temos que pagar a bolacha, entrega o pacote para a moça.
- Não!
- Guto, eu estou ficando zangada, entrega o pacote para a moça.
- Não! (choro)
- Me dá isso aqui (pacote de bolacha tirado da mão de Guto).

Guto, quatro anos estava sentado dentro do carinho de compras, já que desta maneira sua mãe podia controlá-lo melhor, ou não!!!!

Contrariado começou a jogar para fora do carrinho os mantimentos.

- Para com isso Guto!
- Para de jogar as coisas no chão, obedeça!
- Guto para!

Não restou outra alternativa à mãe tirar o filho de dentro do carrinho, e não restou outra alternativa a Guto se jogar no chão e espernear.

Leila e Maurício não sabiam mais o que fazer com seu filho de “personalidade tão forte”, a cena no supermercado foi uma em meio a tantas outras em diversas situações familiares e sociais.

As crises de birra habituais de Guto pareciam ser uma manifestação de desagrado, gerada pela frustração, mas preocupava o fato de serem cada vez mais freqüentes e mais intensas. Guto mostrava-se constantemente impaciente, e parecia se comportar de forma provacativa.

Os pais foram aconselhados a procurar uma psicóloga e a primeira hipótese levantada foi a de comportamento desafiador opositivo, mas era necessário um psicodiagnóstico com o objetivo de identificar forças e fraquezas no funcionamento psicológico da criança, com um foco na existência ou não de psicopatologia.

Durante as sessões de avaliação, Guto demonstrou dificuldade em obedecer comandos verbais, parecia também ter um prejuízo na compreensão da linguagem, e chamou a atenção ter começado a falar tardiamente.

Diante destes dados, os pais de Guto foram orientados a levar a criança para uma avaliação fonoaudiológica, que ampliava a investigação dos problemas comportamentais da criança.

O resultado da avaliação apontou para um déficit auditivo, decorrente de inúmeras infecções de ouvido sofridas pela criança desde bebe.

O problema de base foi identificado, assim o distúrbio de comportamento de Guto pode ser avaliado como uma alteração associada ao problema auditivo.
Guto foi encaminhado para tratamento fonoaudiológico com o objetivo de estabelecer uma boa comunicação, para melhor integração da criança ao seu meio.

Apesar do problema de Guto necessitar da intervenção de outra profissional, que não uma psicóloga, é preciso reconhecer a importância de um psicodiagnóstico enquanto um procedimento que organiza conhecimentos da vida biológica, intra-psíquica e social da criança, que se empenha em entender a sintomatologia e valoriza a interação dos fatores orgânicos com os emocionais.

A intervenção adequada garantiu a Guto o desenvolvimento de habilidades de linguagem que proporcionaram uma maior adaptação ao meio, e uma diminuição significativa dos comportamentos de birra.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

ABAIXO A ALFABETIZAÇÃO PRECOCE !!!

Recebo crianças com 4 anos com suspeita de dificuldade de aprendizagem escolar. Com esta idade não deveriam estar na escola, mas já que estão deveria ser para brincar.
As crianças precisam brincar para favorecer o desenvolvimento do pensamento, já que a ação e a manipulação da criança alimentam os processos cognitivos.
Mas com a falta dos quintais e de espaço na rua surgiu a necessidade de um lugar para abrigar, possibilitar e estimular as brincadeiras infantis.
Veio a moda da pré-escola e o processo de alfabetização foi recuando para seis anos, cinco e quatro anos. Não é por acaso que os problemas de aprendizagem são mais constantes do que antes, se alfabetiza muito cedo, as crianças não estão prontas para iniciar este processo e são identificadas dificuldades que, na realidade, não existem.
Alguns autores apontam três razões para estas dificuldades: imaturidade neurológica, ausência de comportamentos adequados para aprender e ausência de motivação.
Espontaneamente, a criança classifica, relaciona, ordena, compara, constrói a noção de tempo e espaço, entre outras operações, que são as mesmas utilizadas na leitura e na escrita, assim como na alfabetização matemática.
É muito mais saudável que ela brinque com seus bichinhos de plástico e faça grupos de animais selvagens, domésticos, aquáticos porque faz parte da fantasia que envolve tal brincadeira, do que desenvolver esta operação de classificação com bolinhas desenhadas em folha impressa, obedecendo regras estabelecidas oralmente pela professora.
Esta operação de classificação em material gráfico, provavelmente não tem nenhum significado para ela, já com os bichinhos, pode haver vários aspectos, o primeiro deles é o prazer de brincar livremente, seguem-se o desenvolvimento físico que exige gasto de energia para a manutenção diária do equilíbrio, do controle da agressividade, a experimentação pessoal em habilidades e papeis diversificados, a compreensão e a incorporação de conceitos, a realização simbólica dos desejos, a repetição das brincadeiras que permitem superar as dificuldades individuais, a interação e a adaptação ao grupo social, entre outras.
É necessário que pais e educadores se conscientizem que a brincadeira não constitui uma perda de tempo, pelo contrário, ela possibilita o desenvolvimento integral da criança, já que ela se envolve emocionalmente e opera mentalmente durante a atividade lúdica.
As habilidades necessárias para a aprendizagem da leitura e da escrita são adquiridas durante os anos de brincadeiras, e a criança necessita de pelo menos sete anos para brincar intensamente.


MÃE DESNATURADA

A maternidade é uma função desenvolvida através de nossas experiências como filha e através da apropriação dos modelos parentais. De maneira geral, a crença que estas funções são naturais, instintivas tem algumas centenas de anos. Boa mãe, como conhecemos hoje, com uma propensão natural ao sacrifício, amor universal e automático pelos filhos e sua completa satisfação nas tarefas de maternagem, não foi sempre assim.
Na Idade Média, as mães mandavam seus filhos para as amas-de-leite, por darem preferência a outros interesses. Foi no século XX que surgiu a crença de vocação materna, instintiva e obrigatória, nascendo assim o mito de mãe perfeita. Esta concepção assume proporções insustentáveis, levando a mulher a vários questionamentos sobre sua capacidade de cuidar de seus filhos. Existe uma proporção maior de mulheres que chegam à conclusão de que são “mães desnaturadas”, e poucas são as que buscam flexibilizar o padrão rígido e determinista cultuado socialmente.
Não há dúvida que a participação da mulher no mercado de trabalho tem trazido muitas mudanças nas relações familiares. As mulheres de hoje tem outros interesses, desejos, expectativas, e sobretudo outras alternativas para se realizarem como mulher, que não estão restritas à maternidade. Percebemos uma nova mulher que vive uma ambivalência materna em relação aos seus filhos: os sentimentos de amor e ódio. Sentimentos contraditórios que acarretam dúvidas, angústias e principalmente culpa.
Esta situação me leva a acreditar que o conflito vivenciado pelas mães do século XXI tem uma influência direta nas alterações de comportamento das crianças. O sentimento de incapacidade, o desapontamento em não sentir toda a emoção e felicidade mostrada em filmes, nas propagandas infantis e nas histórias de vizinhas e amigas, estabelece uma relação em que a mãe está em débito com seu filho, levando a uma inabilidade de lidar com as angústias e as frustrações das crianças, se tornando pouco continente e mais permissiva.
Muitas mães “confessam” apenas para a psicóloga, sob a garantia do sigilo profissional, que “em alguns momentos da vida preferiam não tê-los”, imagino o quanto deve ser dolorosa esta constatação, que só pelo fato de pensar, já a coloca numa situação de “mãe desnaturada”.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

PARA QUE BRINCAR COM OS FILHOS ?

Pablo me dizia que quando não tinha nada para fazer, surgiam uns pensamentos repetitivos, que lhe traziam preocupações com seu futuro e com a integridade física de seus pais. Pablo queria se livrar destes pensamentos, eles invadiam sua mente sem serem convidados e transformavam sua tranqüilidade em agitação motora, sensação de desmaio, dores de cabeça.

Ele conseguia retomar o equilíbrio apenas quando um de seus pais estava a seu lado, para garantir-lhe segurança.

O mais interessante é que estes pensamentos tão ameaçadores ocorriam apenas quando estava em casa, sem nada de interessante para fazer, já que estava proibido de entrar no computador durante os dias da semana, e na televisão, os programas eram repetidos ou muito chatos. Fácil identificar traços de ansiedade nas dificuldades relatadas por Pablo, mas por que?
Observa-se hoje em dia, crianças com pouca capacidade de simbolização, conseqüência de infâncias pobres em brincadeiras. Não existem mais quintais, as pré-escolas estão preocupadas com a aprendizagem formal da criança e no lugar de tanque de areia, pneus, cordas, bolas entre outros objetos lúdicos, colocam suas crianças sentadinhas na frente de folhas e lápis para aprenderem o quanto antes, ler e escrever.

No brincar observa-se um divórcio entre o brinquedo e o uso que a criança faz dele, é verdade que a brincadeira acaba surgindo a partir da forma ou do material, mas isto não é determinante, pois a realidade efetiva do jogo se exprime pelo emprego do brinquedo. A criança é capaz de utilizar quaisquer objetos para brincar, pois o essencial não tem a ver com o objeto, que serve apenas de mediador entre a realidade e a imaginação.

Para isso a criança precisa ter sido ensinada e estimulada ao jogo de faz de conta. Os pais têm uma função primordial nestas aquisições, eles são “o mundo” destas crianças, e elas estão prontas para reproduzir o que eles fazem. No desenvolvimento da criança, a reprodução da brincadeira dará lugar à criação do seu espaço lúdico, e a conquista da autonomia. Da autonomia para preencher o seu próprio vazio, com atividades criativas e produtivas.

Poucos são os pais que brincam com seus filhos e poucas são as escolas que realmente valorizam a brincadeira. Não estou falando da quantidade de brinquedos que as crianças possuem, muito menos da tecnologia avançada de tais brinquedos, nada é mais importante do que pais que brincam com seus filhos. Mais tarde os filhos serão capazes de brincarem sozinhos ou em grupo, com um repertório aprendido e transformado em seu próprio repertório, garantindo assim a autonomia.

É claro que, as estruturas egóicas são complexas, mas brincar é imprescindível para promover a saúde mental de qualquer ser humano.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

PARA AS FÉRIAS...

Passear no shopping e comer na praça de alimentação não deveria ser a programação constante de pais e filhos, perguntem-se o que isto acrescenta na vida de uma criança ? A única possibilidade que vejo é a de estimular o desejo e treinar para o consumo, além é claro, de acreditar que toda comida tem o mesmo sabor !
Pode-se promover diversão com pouco espaço e ainda estimular o desenvolvimento psicoafetivo e psicomotor das crianças.
O trabalho com argila, massinha ou até a confecção de papel machê estimula a capacidade de observação, pois as crianças necessitam de modelos para criarem novos modelos. A flexibilidade diante das possibilidades e das dificuldades da utilização do material, desenvolve habilidade para achar novas saídas diante de situação-problema. Também ajuda a desenvolver habilidades motoras como coordenação motora fina, coordenação visomotora, controle do tônus muscular, assim como habilidades para planejar e antecipar conseqüências.
Para quem quiser inovar, segue a receita para a confecção do papel machê: um rolo de papel higiênico, 10 a 15 colheres de sopa cheias de cola branca, 4 colheres de vinagre, 3 colheres de sopa de talco. Pique em pedaços pequenos, o rolo de papel higiênico e deixe de molho em um balde com água e vinagre, de um dia para o outro. Escorra a água e fique com a massa de papel, que deve ser bem espremida. Faça uma farofa da massa (pode usar processador) e acrescente a cola e o talco até adquirir consistência.
A massa pode ser utilizada para fazer pequenos brinquedos, caixinhas e pode ser usada em cima de papéis para produzir cartões.

terça-feira, 30 de junho de 2009

LEMBRANÇA DAS NOITES JUNINAS...

Na época de Luis XIV, regimentos de cavalaria faziam evoluções para apanhar argolas a cavalo. Esse passatempo era conhecido como carrossel, que transformado pelo tempo veio parar nas festas juninas.
O jogo de argolas em um pino era concorrido entre crianças e adultos. Por trás do aspecto lúdico deste jogo tão simples, estão o controle do tônus, o equilíbrio, a estruturação espacial e a coordenação visomotora. Não precisa de quintal para brincar com argolas, portanto não há desculpas para continuar na frente da televisão. Vamos jogar?

quarta-feira, 24 de junho de 2009

terça-feira, 23 de junho de 2009

RESGATANDO AS BRINCADEIRAS DE CRIANÇA

Você lembra da Batalha Naval?

Esse jogo foi muito praticado, por não requerer um material especial. Bastava uma folha de papel quadriculada e um lápis. Até nos empórios era possível comprar blocos de Batalha Naval. Cada jogador distribuía, nas folhas, os barcos: submarinos, contratorpedeiros, cruzadores e o couraçado. Aquele que conseguisse afundar primeiro a esquadra do adversário ganhava o jogo.
Esta brincadeira enriquecia o desenvolvimento neuromotor das crianças, estimulando a estruturação espaço-temporal, o planejamento e o estabelecimento de metas, assim como o controle da frustração, no caso de ver afundado todos os seus navios.

DAR LIMITES É...

-Ensinar que os direitos são iguais para todos.

-Ensinar que existem OUTRAS pessoas no mundo.


-Fazer a criança compreender que seus direitos acabam onde começam os direitos dos outros.


-Dizer "sim" sempre que possível e "não" sempre que necessário.


-Só dizer "não" aos filhos quando houver uma razão concreta.


-Mostrar que muitas coisas podem ser feitas e outras não podem ser feitas.


-Fazer a criança ver o mundo com uma conotação social (con-viver) e não apenas psicológica (o meu desejo e o meu prazer são as única coisas que contam).


-Ensinar a tolerar pequenas frustrações no presente para que, no futuro, os problemas da vida possam ser superados com equilíbrio e maturidade (a criança que hoje aprendeu a esperar sua vez de ser servida à mesa amanhã não considerará um insulto pessoal esperar a vez na fila do cinema ou aguardar três ou quatro dias até que o chefe dê um parecer sobre sua promoção).


-Desenvolver a capacidade de adiar satisfação (se não conseguir emprego hoje, continuará a lutar sem desistir ou, caso não tenha desenvolvido esta habilidade, agirá de forma insensata ou desequilibrada, partindo, por exemplo, para a marginalidade, o alcoolismo ou a depressão).


-Evitar que seu filho cresça achando que todos no mundo têm de satisfazer seus mínimos desejos e, se tal não ocorrer (o que é mais provável), não conseguir lidar bem com a menor contrariedade, tornando-se, aí sim, frustrado, amargo ou, pior, desequilibrado emocionalmente.


-Saber discernir entre o que é uma necessidade dos filhos e o que é apenas desejo.


-Compreender que direito à privacidade não significa falta de cuidado, descaso, falta de acompanhamento e supervisão às atividades e atitudes dos filhos, dentro e fora de casa.


-Ensinar que a cada direito corresponde um dever e, principalmente:Dar exemplo! Quem quer ter filhos que respeitem a lei e os homens tem de viver seu dia-a-dia dentro desses mesmos princípios, ainda que a sociedade tenha poucos indivíduos que agem dessa forma.


DAR LIMITES NÃO É...

-Bater nos filhos para que eles se comportem.


-Quando se fala em limites, muitas pessoas pensam que significa aprovação para dar palmadinhas, bater ou até espancar.


-Fazer só o que vocês, pai ou mãe, querem ou estão com vontade fazer.


-Ser autoritário, dar ordens sem explicar o porquê, agir de acordo apenas com seu próprio interesse, da forma que lhe aprouver, mesmo que a cada dia sua vontade seja inteiramente oposta à do outro dia, por exemplo.-Deixar de explicar o porquê das coisas, apenas impondo a "lei do mais forte.


-Gritar com as crianças para ser atendido.


-Deixar de atender às necessidades reais (fome, sede, segurança, afeto, interesse) dos filhos, porque você hoje está cansado.


-Provocar traumas emocionais, humilhações e desrespeito à criança.


-Toda criança tem capacidade de compreender um "não" sem ficar com problemas, desde que, evidentemente, este "não" tenha razão de ser e não seja acompanhado de agressões físicas ou morais.


-O que provoca traumas e problemas emocionais é, em primeiro lugar, a falta de amor e carinho, seguida de injustiça, violência física.


-Bater nos filhos é uma forma comum de violência física, que, em geral, começa com a palmadinha leve no bumbum.

TANIA ZAGURY (PEDAGOGA)

NEM SEMPRE O PROBLEMA É FALTA DE LIMITE...


Lucia aguardava na sala de espera com um saquinho de bolacha de água e sal e tinha migalhas da bolacha em sua roupa e nos cantos da boca e parecia não se incomodar com isso. Quando a chamei para entrar na sala de avaliação comigo, embolou o saco de bolachas como se estivesse vazio, parecia fazer este movimento sem consciência dele, como se a sua mão funcionasse dissociada do resto de seu corpo. Deixou o saco em cima da cadeira e me acompanhou. Durante o curto percurso Lucia falou que não havia gostado do horário proposto, que não queria ir mais ao reforço escolar, que alguns coleguinhas a irritavam e que gostava de assistir novela, todos estes temas em trinta segundos. Apesar de aparentemente desejarm copo de água. uma intervenção minha em seus relatos, Lucia emendava uma coisa na outra sem me dar a oportunidade de falar. Já dentro da sala retomei alguns temas com ela, que não haviam ficado claros, já que ela não os apresentou ordenadamente, mas Lucia já não estava mais interessada em conversar sobre estes assuntos.
Mostrei-lhe uma caixa com brinquedos e Lucia começou a tira-los da caixa e espalhá-los pelo chão, sem brincar com nenhum deles levantou-se e pediu para desenhar. Na folha traços, erros, reinicio, erros, vira a folha do outro lado, pois deste lado está muito marcado e finalmente desistência. O desenho não ficou bom. Observando o movimento de Lucia, parecia que primeiro ela fazia o traço e depois pensava o que poderia ser, sem planejamento não conseguiu um resultado que lhe agradasse.

Resolvemos jogar uno. Lucia não conseguia esperar a sua vez, se mexia na cadeira, levantava, sentava, cruzava as pernas, deixava cair as cartas de sua mão e em alguns momentos parecia desconhecer as regras do jogo que eram conhecidas até a jogada anterior. Reclamava do jogo e dizia que não era justo eu acertar as jogadas.
Na ocasião esta criança tinha 7 anos e 3 meses e estava tendo muitas dificuldades no processo de alfabetização, em casa era uma criança agitada, falava gritando e tinha acessos de raiva quando contrariada, mas estes comportamentos não chamavam tanto a atenção da família, já que seus irmão se comportavam da mesma maneira. Os pais avaliavam tais condutas como crianças “extremamente mimadas”. Em entrevista na escola, a professora relatou que Lucia levantava-se da cadeira em situações que se espera que permaneça sentada, não conseguia desenvolver suas atividades em silêncio, não conseguia aguardar sua vez durante dinâmicas de grupo, interrompia a professora durante explicações para falar de outro assunto, seu material em cima da mesa ficava desorganizado, deixava cair lápis, estojo, caderno e não conseguia fazer uma tarefa até sua finalização, obviamente não conseguia manter a atenção em atividades, inclusive em atividades lúdicas. Finalmente após uma profunda investigação, o resultado foi de que Lucia era portadora de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, diagnóstico de 5% a 13% das crianças em idade escolar, estimativa indicada pelo DSM-IV. Muitos estudos vem sendo feitos sobre a etiologia do TDAH, e o que se tem hoje é o conhecimento de fatores genéticos e ambientais. O problema está localizado no mal funcionamento das funções executivas responsáveis por atividades altamente sofisticadas, que capacitam o indivíduo ao desempenho de ações voluntárias, auto-organizadas e orientadas para metas específicas. São os processos responsáveis por focalizar, direcionar, regular, gerenciar e integrar funções cognitivas, emoções e comportamentos visando a realização de tarefas simples como tomar iniciativa, estabelecer prioridades ou organizar-se para um trabalho.
O diagnóstico do TDAH é fundamentalmente clínico, é de extrema importância uma profunda investigação do histórico da criança, da sua gestação até os dias atuais. Avaliações complementares são necessárias como das capacidades auditivas e visuais, avaliação neurológica e neuropsicológica, assim como avaliação psicopedagógica e pedagógica.
As informações da escola são importantes para o diagnóstico. Tendo sido confirmado, os professores devem ser orientados, pois uma intervenção adequada pode minimizar os sintomas do transtorno, principalmente em relação ao comportamento da criança.
Neste caso, a criança foi medicada pelo neurologista, encaminhada para terapia psicopedagógica. Seus pais e a escola receberam orientação quanto o manejo das dificuldades de Lucia.
Em função das dificuldades apresentadas pela criança em sala de aula as sugestões para a professora foram: manter uma rotina constante e previsível evitando improvisações, aulas expositivas com ilustrações com o objetivo de capturar sua atenção, a professora deve agir como uma “organizadora auxiliar”, embora o estudante deva ter responsabilidade por sua organização pessoal, a professora deve saber que há algumas limitações inerentes às crianças com TDAH, usar vários critérios de avaliação que considerem seu progresso individual em vez de compará-la à média da turma. Uma das metas das orientações para sala de aula é de ajudar Lucia a se ajustar às suas dificuldades e se sentir confortável em ser um pouco diferente, promovendo pequenas modificações em seu estilo de vida.