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Aqui, neste espaço virtual você poderá encontrar informações que ajudem a modificar a sua relação e a sua intervenção no desenvolvimento de sua criança.


Conversando com a Luiza



Conversando sobre crianças amplia seu espaço e convida você a interagir com a psicóloga Maria Luiza Barbosa.

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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

NEGLIGÊNCIA PRECOCE


Regina é mãe solteira e foi abandonada por seu namorado, pai da criança, durante o período de gestação. Apesar de ter assumido a gravidez, o bebê não era compatível com sua vida profissional.

Médica, ela tinha planos de fazer seu mestrado nos Estados Unidos, mas teve que adiá-lo.

Regina contratou os serviços de uma enfermeira, para ajudá-la nos cuidados com o bebê, mas ao final de quinze dias estava tão envolvida com seu trabalho que, os cuidados com seu filho ficaram, exclusivamente, com a enfermeira.

A separação precoce entre mãe e filho foi o início de uma relação pouco afetiva, entre um filho carente e uma mãe ausente, absolutamente não continente das angústias da criança.

Gabriel, atualmente com sete anos, não suporta frustração e reage de forma violenta, não reconhece autoridade e desafia as pessoas a sua volta. Esperava-se que nessa idade, Gabriel já fosse capaz de inibir seus impulsos, adiar seu prazer em nome da socialização, mas era uma criança agressiva, não sabia esperar a sua vez, não suportava perder e exigia que sua mãe comprasse o brinquedo igualzinho ao do amigo, que ele ainda não possuia.

O menino era um “pequeno tirano” e a mãe não tinha o menor controle sobre seu comportamento, mesmo assim Regina decidiu organizar uma festa de aniversário, pois acreditava que premiando-o conseguiria uma trégua.

A festa no buffet foi um desastre, Gabriel não queria enfrentar fila nos brinquedos e em alguns queria exclusividade, chorava e esperneava quando não era atendido, ele queria abrir os presentes e começou a tira-los da caixa onde estavam sendo guardados, e o ponto alto da festa foi se negar a cantar o parabéns, aos berros, porque na mesa do bolo não estavam todos os super-heróis que ele havia determinado.

Vamos considerar Negligência Precoce a situação onde não há uma interação satisfatória entre mãe e filho durante uma fase crítica na vida da criança, a primeira infância, esta condição é capaz de interferir no desenvolvimento infantil.
A criança pode ter recebido cuidados materiais e físicos adequados, mas um relacionamento emocionalmente indiferente ou carente poderá causar danos psicológicos permanentes.

Alguns cientistas constataram que a formação do vínculo afetivo não se limita aos seres humanos. Chimpanzés também apresentaram atraso do desenvolvimento quando privados do contato materno adequado.

Os cientistas acreditam que situações de Negligência Precoce podem determinar alterações no funcionamento social, pois a falta de interação entre mãe e filho, onde a criança está privada, cronicamente, das necessidades básicas para seu desenvolvimento pleno e normal, pode causar prejuízo do desenvolvimento da empatia.

A negligência familiar é um tipo de agressão pela falta de ação, a mãe e o pai negligentes são responsáveis pelo que não fizeram.

A chamada Teoria do Vínculo, diz respeito à necessidade de amor materno para as crianças se desenvolverem bem. O rompimento dos laços afetivos é um fator de risco para o desenvolvimento de desordens psicoafetivas.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

RODA PIÃO, RODA PIÃO...

Geralmente de madeira, o pião é um objeto cônico que quando torcido com a ajuda de um fio ou com as pontas dos dedos faz um movimento de giro.

Cerca de três mil anos a.c., na Babilônia, já existiam os piões, feitos de argila com as bordas decoradas com formas de animais, humanas e relevos. Eles foram encontrados em túmulos de crianças, assim como as bolinhas de gude.

A brincadeira com este objeto propicia inúmeras aquisições, mas a principal delas é o desenvolvimento e o refinamento da motricidade fina, responsável por habilidades de escrita, costura, pintura.

O desenvolvimento de habilidades manuais está intimamente relacionado ao desenvolvimento de habilidades cognitivas, é como se a criança "pensasse com as mãos".

A BRINCADEIRA CERTA NA IDADE ADEQUADA


Por experiência posso afirmar que as crianças que tiveram um meio ambiente no qual foram respeitadas no seu processo de crescimento e desenvolvimento, que puderam explorar e vivenciar o mundo ao redor, estão no rastro da criatividade e da energia vital.
Portanto, vamos tratar criança como criança, estimular e mediar a brincadeira conhecendo algumas características evolutivas de dois a cinco anos.
Aos dois anos a criança gosta das coisas que se movem, brinca com areia, pedra e água, gosta de histórias e música.

Já aos três anos é capaz de inventar suas próprias histórias e utiliza o lápis com objetivos gráficos. Consegue traçar formas variadas e também se interessa por argila, fazendo bolinhas e tiras, dando nome a tudo que cria.

Aos quatro anos a criança acrescenta qualidade dramática à brincadeira, com argumentos e histórias das situações lúdicas e dos personagens.

Com cinco anos a criança gosta de armar quebra-cabeças e se interessa por atividades criativas como carpintaria, confecção de bijouterias, culinária entre outras atividades.
É importante ressaltar que a aprendizagem informal, através das brincadeiras será a base para a aprendizagem formal, do conhecimento acadêmico.


terça-feira, 18 de agosto de 2009


















Aguardo suas perguntas.... Vamos ampliar esta rede e criar uma verdadeira comunidade social.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A IMPORTÂNCIA DO PSICODIAGNÓSTICO INFANTIL

- Guto, agora dá o pacote de bolacha para a moça cobrar.
- Não!
- Mas nós temos que pagar a bolacha, entrega o pacote para a moça.
- Não!
- Guto, eu estou ficando zangada, entrega o pacote para a moça.
- Não! (choro)
- Me dá isso aqui (pacote de bolacha tirado da mão de Guto).

Guto, quatro anos estava sentado dentro do carinho de compras, já que desta maneira sua mãe podia controlá-lo melhor, ou não!!!!

Contrariado começou a jogar para fora do carrinho os mantimentos.

- Para com isso Guto!
- Para de jogar as coisas no chão, obedeça!
- Guto para!

Não restou outra alternativa à mãe tirar o filho de dentro do carrinho, e não restou outra alternativa a Guto se jogar no chão e espernear.

Leila e Maurício não sabiam mais o que fazer com seu filho de “personalidade tão forte”, a cena no supermercado foi uma em meio a tantas outras em diversas situações familiares e sociais.

As crises de birra habituais de Guto pareciam ser uma manifestação de desagrado, gerada pela frustração, mas preocupava o fato de serem cada vez mais freqüentes e mais intensas. Guto mostrava-se constantemente impaciente, e parecia se comportar de forma provacativa.

Os pais foram aconselhados a procurar uma psicóloga e a primeira hipótese levantada foi a de comportamento desafiador opositivo, mas era necessário um psicodiagnóstico com o objetivo de identificar forças e fraquezas no funcionamento psicológico da criança, com um foco na existência ou não de psicopatologia.

Durante as sessões de avaliação, Guto demonstrou dificuldade em obedecer comandos verbais, parecia também ter um prejuízo na compreensão da linguagem, e chamou a atenção ter começado a falar tardiamente.

Diante destes dados, os pais de Guto foram orientados a levar a criança para uma avaliação fonoaudiológica, que ampliava a investigação dos problemas comportamentais da criança.

O resultado da avaliação apontou para um déficit auditivo, decorrente de inúmeras infecções de ouvido sofridas pela criança desde bebe.

O problema de base foi identificado, assim o distúrbio de comportamento de Guto pode ser avaliado como uma alteração associada ao problema auditivo.
Guto foi encaminhado para tratamento fonoaudiológico com o objetivo de estabelecer uma boa comunicação, para melhor integração da criança ao seu meio.

Apesar do problema de Guto necessitar da intervenção de outra profissional, que não uma psicóloga, é preciso reconhecer a importância de um psicodiagnóstico enquanto um procedimento que organiza conhecimentos da vida biológica, intra-psíquica e social da criança, que se empenha em entender a sintomatologia e valoriza a interação dos fatores orgânicos com os emocionais.

A intervenção adequada garantiu a Guto o desenvolvimento de habilidades de linguagem que proporcionaram uma maior adaptação ao meio, e uma diminuição significativa dos comportamentos de birra.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

ABAIXO A ALFABETIZAÇÃO PRECOCE !!!

Recebo crianças com 4 anos com suspeita de dificuldade de aprendizagem escolar. Com esta idade não deveriam estar na escola, mas já que estão deveria ser para brincar.
As crianças precisam brincar para favorecer o desenvolvimento do pensamento, já que a ação e a manipulação da criança alimentam os processos cognitivos.
Mas com a falta dos quintais e de espaço na rua surgiu a necessidade de um lugar para abrigar, possibilitar e estimular as brincadeiras infantis.
Veio a moda da pré-escola e o processo de alfabetização foi recuando para seis anos, cinco e quatro anos. Não é por acaso que os problemas de aprendizagem são mais constantes do que antes, se alfabetiza muito cedo, as crianças não estão prontas para iniciar este processo e são identificadas dificuldades que, na realidade, não existem.
Alguns autores apontam três razões para estas dificuldades: imaturidade neurológica, ausência de comportamentos adequados para aprender e ausência de motivação.
Espontaneamente, a criança classifica, relaciona, ordena, compara, constrói a noção de tempo e espaço, entre outras operações, que são as mesmas utilizadas na leitura e na escrita, assim como na alfabetização matemática.
É muito mais saudável que ela brinque com seus bichinhos de plástico e faça grupos de animais selvagens, domésticos, aquáticos porque faz parte da fantasia que envolve tal brincadeira, do que desenvolver esta operação de classificação com bolinhas desenhadas em folha impressa, obedecendo regras estabelecidas oralmente pela professora.
Esta operação de classificação em material gráfico, provavelmente não tem nenhum significado para ela, já com os bichinhos, pode haver vários aspectos, o primeiro deles é o prazer de brincar livremente, seguem-se o desenvolvimento físico que exige gasto de energia para a manutenção diária do equilíbrio, do controle da agressividade, a experimentação pessoal em habilidades e papeis diversificados, a compreensão e a incorporação de conceitos, a realização simbólica dos desejos, a repetição das brincadeiras que permitem superar as dificuldades individuais, a interação e a adaptação ao grupo social, entre outras.
É necessário que pais e educadores se conscientizem que a brincadeira não constitui uma perda de tempo, pelo contrário, ela possibilita o desenvolvimento integral da criança, já que ela se envolve emocionalmente e opera mentalmente durante a atividade lúdica.
As habilidades necessárias para a aprendizagem da leitura e da escrita são adquiridas durante os anos de brincadeiras, e a criança necessita de pelo menos sete anos para brincar intensamente.


MÃE DESNATURADA

A maternidade é uma função desenvolvida através de nossas experiências como filha e através da apropriação dos modelos parentais. De maneira geral, a crença que estas funções são naturais, instintivas tem algumas centenas de anos. Boa mãe, como conhecemos hoje, com uma propensão natural ao sacrifício, amor universal e automático pelos filhos e sua completa satisfação nas tarefas de maternagem, não foi sempre assim.
Na Idade Média, as mães mandavam seus filhos para as amas-de-leite, por darem preferência a outros interesses. Foi no século XX que surgiu a crença de vocação materna, instintiva e obrigatória, nascendo assim o mito de mãe perfeita. Esta concepção assume proporções insustentáveis, levando a mulher a vários questionamentos sobre sua capacidade de cuidar de seus filhos. Existe uma proporção maior de mulheres que chegam à conclusão de que são “mães desnaturadas”, e poucas são as que buscam flexibilizar o padrão rígido e determinista cultuado socialmente.
Não há dúvida que a participação da mulher no mercado de trabalho tem trazido muitas mudanças nas relações familiares. As mulheres de hoje tem outros interesses, desejos, expectativas, e sobretudo outras alternativas para se realizarem como mulher, que não estão restritas à maternidade. Percebemos uma nova mulher que vive uma ambivalência materna em relação aos seus filhos: os sentimentos de amor e ódio. Sentimentos contraditórios que acarretam dúvidas, angústias e principalmente culpa.
Esta situação me leva a acreditar que o conflito vivenciado pelas mães do século XXI tem uma influência direta nas alterações de comportamento das crianças. O sentimento de incapacidade, o desapontamento em não sentir toda a emoção e felicidade mostrada em filmes, nas propagandas infantis e nas histórias de vizinhas e amigas, estabelece uma relação em que a mãe está em débito com seu filho, levando a uma inabilidade de lidar com as angústias e as frustrações das crianças, se tornando pouco continente e mais permissiva.
Muitas mães “confessam” apenas para a psicóloga, sob a garantia do sigilo profissional, que “em alguns momentos da vida preferiam não tê-los”, imagino o quanto deve ser dolorosa esta constatação, que só pelo fato de pensar, já a coloca numa situação de “mãe desnaturada”.