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Aqui, neste espaço virtual você poderá encontrar informações que ajudem a modificar a sua relação e a sua intervenção no desenvolvimento de sua criança.


Conversando com a Luiza



Conversando sobre crianças amplia seu espaço e convida você a interagir com a psicóloga Maria Luiza Barbosa.

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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

DEPENDENTE DE INTERNET

Cristina procurou ajuda quando Cauê, seu único filho com 14 anos, arrebentou a porta do quarto com socos e pontapés.
Ela acreditava que as horas que seu filho dedicava ao computador era um bom entretenimento para uma criança retraída.
Cauê sempre foi muito dependente emocionalmente de sua mãe, seus pais se separaram quando ele tinha 3 anos e desde então as visitas de seu pai foram ficando cada vez mais escassas. Cauê disse que só vê o pai quando o encontra na barraca da praia.
Desde 2008, Cristina vem percebendo que Cauê tem uma necessidade contínua e crescente em estar online. Passou a avaliar este uso excessivo do computador como a forma que seu filho tem de fugir dos problemas ou de aliviar sentimentos de baixa auto-estima. Percebeu que ele estava mentindo para encobrir a extensão do envolvimento com as atividades online. Cauê se negava a sair de casa e não procurava mais os poucos amigos que tinha, ia dormir tarde e não conseguia acordar cedo para ir à escola. Seu desempenho escolar estava muito abaixo da média, ele não fazia nenhuma atividade acadêmica em casa, nem na escola. Cristina foi chamada pela coordenadora que apresentou os baixos resultados do aluno.
A mãe achou que Cauê tinha passado dos limites e considerou que o uso do computador estava interferindo negativamente no desempenho social, afetivo e acadêmico de seu filho e resolveu tirar o computador do menino. Mas foi surpreendida com a reação agressiva de Cauê, segundo ela “parecia que ele estava drogado”.
Estudos revelam que a tecnologia pode ser usada de forma aditiva, tal como droga, álcool, jogo, provocando novas patologias como ficar dependente de internet.
Crianças e jovens com uma problemática já existente correm mais riscos de usar de forma exacerbada as tecnologias, não apenas o computador e internet, mas também o celular e os videojogos.
Assim o que começa com uma solução acaba por se converter numa conduta obsessiva incontrolável, que vai influenciar negativamente nas rotinas diárias e básicas do indivíduo.
O mundo virtual é interessante e cria uma realidade paralela que é uma abstração, quando estas crianças e jovens enfrentam a realidade podem sofrer, porque tudo é muito diferente do que se idealiza.
Desde 1996 o uso compulsivo da internet vem sendo estudado. Os critérios para este diagnóstico estão relacionados a um comprometimento no plano social, familiar, acadêmico e profissional por um uso preferencial e às vezes exclusivo da internet sobre as outras atividades e uma incapacidade para controlar o número de horas de uso da internet, com uma tendência a ter sensação de tristeza, ansiedade e mal-estar quando não está online.
Os dependentes do uso de internet buscam a gratificação imediata de suas necessidades básicas de relacionamento interpessoal, reconhecimento social e outras, que não são supridas no mundo real, conseqüência de um padrão de personalidade desestruturada.
Esse tipo de dependência também produz lesões físicas como inflamação na pele, problemas musculares e dores nas costas, por falta de exercício físico, luz solar e ar fresco, o que fragiliza o sistema imunológico.
Na Coréia do Sul, Japão e China já existem centros de reabilitação para os que sofrem de síndrome de abstinência cibernética, já que os sintomas de abstinência são típicos da privação de qualquer droga: depressão, ansiedade, medo, irritabilidade e até comportamento violento.
Hoje em dia crianças e jovens estão cada vez mais envolvidos com as novas tecnologias, e para que isso não se torne um problema o melhor é a prevenção.

Portanto comece por não estimular seu filho a usar o computador para que você tenha alguns minutos de tranqüilidade, a sua disponibilidade para atendê-lo vale mais do que qualquer tecnologia.




quinta-feira, 22 de outubro de 2009

CIÚME ENTRE IRMÃOS


Maria Clara ficou muito feliz com a chegada de seu irmãozinho, na época ela tinha três anos e seis meses, mas agora aos cinco anos de idade, Eduardo com um ano e seis meses passou a ser um problema em sua vida.

Ela manteve uma relação amistosa até agora, mas o irmão está tomando mais espaço do que ela pode suportar. A menina passou a ter um comportamento agressivo com Eduardo, muitas vezes colocando em risco a integridade física do irmão.

Um irmão pode ser muito bom quando companheiro das brincadeiras, nas trocas de experiências e na aprendizagem de habilidades sociais, mas pode ser um rival quando se trata de dividir a atenção, e mais problematicamente, o amor dos pais. Um irmão é capaz de desencadear sentimentos contraditórios de amor e ódio, de levar a comportamentos agressivos, com o objetivo de “eliminar” a ameaça, ou comportamentos regressivos, para provocar pena de quem se deseja atenção.

O ciúme entre irmãos é esperado, faz parte das aprendizagens necessárias ao desenvolvimento da socialização. A criança deve aprender a dividir, a esperar a sua vez e principalmente que ela não é a única na vida das pessoas.

Uma dinâmica familiar que permita a manifestação deste sentimento e boas conversas sobre o assunto, de forma que aponte para a criança ciumenta o que ela está sentindo, auxilia na elaboração de suas emoções.
Os pais também devem refletir se a forma como tratam seus filhos contribui para o ciúme.

É difícil encontrar pais que admitam que tem preferência, eles afirmam amar os filhos da mesma forma, mas parece impossível não reconhecer características que valorizam ou que repudiam, ou até de se reconhecer num dos filhos. Tudo isso parece normal, o importante não é amar igual, mas agir com justiça, sem regalias ou protecionismo. O tratamento privilegiado é uma das maiores fontes de ressentimentos.

O ciúme é um sentimento que faz parte das relações afetivas, ele surge diante do medo real ou imaginário de perder o amor da pessoa amada.
Crianças com falta de confiança no outro e/ou em si próprio estão mais suscetíveis a experimentar sentimentos exagerados. O ciúme revela a insegurança da criança em relação ao afeto dos que a cercam, e ela procura chamar a atenção para si ou “destruir” o objeto causador da sua perda.

É essencial que a criança aprenda que tem ganhos sendo compreensiva e que saber compartilhar o carinho das pessoas e até mesmo os brinquedos é recompensador, mas no caso da situação ficar insustentável, um profissional capacitado deve ser procurado.




quinta-feira, 15 de outubro de 2009

BULLYING ENTRE CRIANÇAS E JOVENS


Paulo, 12 anos, durante o recreio foi jogado no latão de lixo por um grupo de colegas de classe. Isabela, 10 anos, circulou por alguns minutos pelo recreio com um cartaz grudado nas suas costas que dizia “baleia”. Marcos, 8 anos, teve sua calça puxada por colegas durante o recreio, de modo que suas nádegas ficaram expostas até que conseguisse se desvincilhar do grupo e puxá-la para cima. Patrícia, 9 anos, ficava sozinha durante o recreio, pois as colegas de classe diziam que ela era feia e filha de feirante.

Vejam a lista que caracteriza violência física e/ou psicológica conhecida como bullying:

Insultar sistematicamente.
Ataques físicos repetidos, contra a pessoa ou sua propriedade.
Danificar objetos pessoais de uma pessoa (material escolar, roupas, etc).
Espalhar rumores negativos.
Depreciar uma pessoa sem qualquer motivo.
Obrigar uma pessoa a fazer o que ela não quer, sob ameaça.
Colocar alguém em situação problemática ou conseguir uma ação disciplinar contra alguém, por algo que ela não cometeu.
Fazer comentários depreciativos sobre a família de uma pessoa, sobre o local de sua moradia, aparência pessoal, orientação sexual, religião, etnia, nível socio-econômico.
Isolamento social.
Usar as tecnologias de informação para pratica o cyberbullying (criar páginas falsas em site de relacionamento, publicar fotos, etc).
Chantagem.
Expressões ameaçadoras.
Grafitagem depreciativa.
Usar de sarcasmo.

O bullying não envolve necessariamente criminalidade ou violência, mas frequentemente funciona através de abuso psicológico, uma combinação de intimidação e humilhação.
Se pararmos para pensar, atitudes anti-sociais sempre existiram, quem não lembra de ter passado um recreio tomando lanche sozinho, pois os amiguinhos se uniram contra você e te isolaram por vinte minutos, quem não foi chamado de “quatro olhos” quando começou a usar óculos, que chegou em casa chorando, pois os colegas riram do seu jeitão de correr... Mas havia limites para estas “maldades” de criança. Havia supervisão dos pais e dos educadores e principalmente se valorizava os vínculos afetivos.
Além das causas identificadas por pesquisadores como violência doméstica, ausência de valores, de limites, de regras de convivência, observa-se falta de empatia nos modelos educativos.
A empatia é a capacidade que temos, ou deveríamos ter, de compreender a perspectiva psicológica das outras pessoas, ser capaz de se colocar no lugar do outro e entender suas reações emocionais.
O bullying é um tema que vem despertando o interesse, pois não se trata de ofensas “bobas”, podendo acarretar sérias consequencias ao desenvolvimento psíquico de crianças e de jovens, gerando desde de baixa auto-estima, até casos mais severos como o suicídio e outras tragédias.
O bullying ocorre mais em situações sem a supervisão de adultos, o recreio é convidativo à existência de comportamentos de intimidação. É necessário adotar estratégias como a oferta de atividades dirigidas por educadores treinados. Seria ótimo que durante o recreio fossem oferecidas oficinas não só com o objetivo de promover aprendizagem informal, mas também dinâmicas de grupo que desenvolvessem princípios de solidariedade, tolerância e respeito às diferenças.
No Brasil existe um projeto pioneiro, o “Programa Educar para a Paz”, desde agosto de 2002, que inclue o trabalho individualizado com os envolvidos em bullying, bem como o envolvimento de toda a escola, pais e a comunidade em geral. Para conhecer um pouco mais sobre este trabalho veja o vídeo no www.youtube.com.br

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

NORMAL?????


O conceito de normalidade em psicologia é uma questão bastante discutível.
Quando se trata de alterações comportamentais extremas fica bem mais fácil identificá-las e classificá-las, mas quando não há diferenças significativas, fica bem mais difícil uma avaliação, até porque o conceito de normalidade impõe uma análise do contexto sociocultural, exige um estudo sobre a suposta alteração comportamental e o contexto social no qual ele acontece.
As culturas estabelecem uma norma ideal, que é supostamente “sadia” e esperam uma adaptação do indivíduo a tal norma. Isto ocorrendo, considera-se o indivíduo “normal”.
Chamo a atenção dos leitores deste artigo para a erotização da criança. Diferente de tratarmos do desenvolvimento da sexualidade infantil, já que ela faz parte de todos os estágios do desenvolvimento do indivíduo e que seguindo seu curso natural, terá uma função importante na construção das emoções, das relações sociais, da experimentação dos papeis feminino e masculino.
O acesso e a estimulação precoce da erotização queimam etapas do desenvolvimento, e acabam exigindo que a criança lide com o assunto sem o devido entendimento, adquirindo uma percepção alterada do próprio corpo: objeto de prazer, consumo e status social.
As estatísticas comprovam as conseqüências das distorções, aumento da gravidez precoce, aumento de casos de abuso e de violência sexual.
Um outro agravante sobre a questão é a aprovação dos pais para o uso de roupas inapropriadas para a idade, principalmente em meninas, escutar músicas e dançar coreografias sensuais, assistir programas de TV e filmes inadequados para a capacidade compreensiva da criança, já que teoricamente são dirigidos à pessoas maduras.
A escola também deve intervir com projetos educacionais que desenvolvam a capacidade crítica e reflexiva sobre o tema sexualidade.
Atualmente, observa-se entre as crianças um mal estar em ser “infantil” o que traz efeitos negativos no campo da maturação afetiva e social da criança.
Volto à idéia inicial do texto, em que a cultura estabelece uma norma supostamente “sadia”, e que a adaptação do indivíduo, autoriza sua “normalidade”. Deixo aos leitores a oportunidade de questionar normas culturais, e não simplesmente introduzi-las em suas condutas apenas para não ser “diferente”, mas talvez saudável.



O JOGO DAS CINCO MARIAS



Este jogo é um desafio para a criança da era "digital".

As cinco marias joga-se da seguinte maneira: lançar uma peça para o alto e antes que caia no chão, pegar outra peça. Depois tentar pegar duas, três...até ficar com todas na mão. Esta é a base do jogo, mas você pode dificultar acrescentando movimentos que dão o nome às jogadas chuvinha, faca, zigue-zague e outras.

O jogo tem origem em um costume da Grécia antiga. Quando queriam consultar os deuses ou tirar a sorte, os homens jogavam ossinhos da pata de carneiro (astrágalos) e observavam como caíam. Cada lado do ossinho tinha um nome e um valor, e a resposta divina às perguntas humanas era interpretada a partir da soma desses números.

Com o tempo, os ossinhos foram substituídos por pedrinhas, sementes até chegar nos saquinhos de areia.

Fica a dica de diversão para os pais no dia das crianças.


















quinta-feira, 1 de outubro de 2009

CRIANÇA TAMBÉM FICA ESTRESSADA...




Vivemos numa sociedade que exige eficiência e rapidez, somos cobrados e cobramos. Pode até ser que esta cobrança não seja explícita, mas há sempre expectativas de habilidades acadêmicas, sociais, esportivas, o que pode transformar as crianças em vítimas de estresse.

A vida moderna tem levado a uma diminuição do tempo entre pais e filhos, preocupados em manter o lar, em progredir profissionalmente, acabam fazendo tais exigências à distância sem apoio afetivo. Além disso, brigas entre o casal, separação, dificuldade de adaptação social, competitividade são causas frequentes de estresse infantil.

Os pais devem ficar atentos à manifestação de alterações comportamentais como irritabilidade, medos excessivos, pesadelos, alterações de apetite e de sono, comportamentos regredidos como voltar a urinar na cama, chupar o dedo, comportamentos agressivos e afastamento dos amigos. São consideradas alterações significativas quando persistirem pelo menos durante seis meses, isto quer dizer que não é uma fase, e que vai passar...

Segundo estudos da PUC Campinas o estresse infantil pode ser consequência de fatores internos, diretamente relacionados com características de personalidade, que acabam potencializados por fatores externos devido a mudanças significativas ou constantes, responsabilidades e excesso de atividades, brigas ou separação dos pais, exigência ou rejeição dos colegas, disciplina confusa dos pais, nascimento de irmão, doença ou hospitalização, pais ou professores estressados. Os fatores externos, mesmo não relacionados a características de personalidade podem ser suficientemente estressantes para causar alterações comportamentais.

Respeitar o ritmo da criança e não fazer comparações, ouvir suas queixas com atenção e ajudar a criança a encarar os desafios do dia-a-dia promove o estabelecimento de vínculos de confiança entre pais e filhos, e consequentemente fortalece a estrutura de personalidade da criança em desenvolvimento.
Deve ficar claro também, que o amor dos pais deve ser independente de um desempenho perfeito, pois esta certeza elimina a preocupação da criança em corresponder às expectativas de sucesso dos seus pais.