Mesmo com toda a tecnologia nada é tão prazeroso para uma criança do que lápis de cor e folha para poder admirar o movimento que deixa rastros. Um montão de rabiscos que são a extensão de seu braço, que podem se transformar no que a criança quiser, traços que simbolizam suas vivências e que mais tarde escreverão sua história. Esta é a evolução do desenho infantil, hoje com menos espaço para esta experiência vemos histórias de vida sem muitas palavras.
Os primeiros traços da criança com o lápis sobre uma folha são o produto de “golpes”, pois o controle motor da criança é muito limitado. Nesta fase a atividade gráfica é essencialmente orgânica – o traço é conseqüência de um gesto que descreve uma trajetória. Vivenciando o movimento, a criança entre 16 e 18 meses, descobre que existe uma relação entre seus movimentos e os traços obtidos, e o traço passa a ser a razão de seu gesto. Nesta fase a criança começa a diversificar seus movimentos: verticais, horizontais, circulares que lhe permitem controlar o lápis e refinar a atividade gráfica.
Estes rabiscos representam uma forma de jogo, e por volta dos dois anos, a criança começa a dar nome a seus rabiscos, mostrando um desejo de dar significação. As garatujas como são chamados os rabiscos, demonstram traços do temperamento e imaginação da criança, pois a criança rabisca não só pelo prazer do movimento, mas também para representar suas emoções, suas descobertas, sua maneira de ver os objetos e os outros.
Aos quatro anos as garatujas se organizam e tomam um significado compreensível, aparecem as primeiras figuras esquematizadas e algumas letras do alfabeto. Percebe-se nesta fase um maior controle dos impulsos e um comportamento socialmente aceito.
Por volta dos oito anos, com a consolidação do pensamento lógico, das regras sociais e familiares, o desenho é mais próximo da realidade concreta. O desenho cresce com a criança. Corresponde ao amadurecimento intelectual e afetivo, pois a criança não copia a realidade, ela a representa através da impressão mental, ela exprime o que é significativo e que suscita reações emocionais.
Por exemplo, uma criança poderá desenhar seu pai maior do que uma árvore, porque a noção de proporção tem um significado afetivo, neste caso, o pai é mais querido do que a árvore.
O desenho é uma forma de expressão, portanto equivale a um discurso. As crianças que desenham tornam-se observadoras, porque experimentam a necessidade de achar novos conteúdos para exprimir e se apropriar de novas idéias, é o ponto de referência para elaborações lógicas.
Sobre uma folha, através dos desenhos, as crianças são capazes de exprimir conflitos e angústias, desejos e fantasias.
Assim o desenho infantil é uma representação gráfica do pensamento e dos sentimentos, quanto mais a criança desenvolve a atividade, mais possibilidade ela terá de elaborar suas relações cognitivas e afetivas com o meio em que vive, e com as pessoas que a rodeiam.